Terça-feira, 06 de agosto de 2019
Segundo
Christian Dunker, psicanalista da USP, algumas redes sociais têm competição
mais agressiva do que outras
Imagem ilustrativa (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Não é de hoje que se fala no
Instagram e um dos temas mais debatidos é a saúde mental. As mudanças efetuadas
recentemente na plataforma para esconder a visibilidade das curtidas foram
realizadas em função disso.
A rede social representa um
conjunto de fotos sobre uma realidade virtual impossível: corpos perfeitos,
viagens constantes, roupas glamourosas e uma vida de sonhos. Bastam cinco
minutos na rede para que você comece a se sentir mal sobre si mesmo.
O psicanalista e professor da
Universidade de São Paulo (USP) Christian Dunker afirma que todas as redes
sociais têm potencial destrutivo, porém o Instagram é pior, já que se baseia
100% em imagens. “Nele é mais fácil competir e comparar-se. Como se trata de um
ambiente irreal, editado, dificilmente alguém vai sentir-se bem com essa
comparação”, explica Dunker.
Não é que o Instagram ou sites
paralelos, como o Buzzoid.com,
que podem deixar uma pessoa com depressão.Também não é bem assim, mas as redes
sociais podem amplificar sentimentos que já existem e podem também causar
ansiedade. Para uma pessoa que já tem um transtorno compulsivo, ter uma
presença na plataforma pode ser muito prejudicial.
Redes
sociais viciam?
O vício em estar sempre on-line
acompanhando o movimento dos outros ou competindo também causa distúrbios
psicológicos. As redes sociais também contribuem para as epidemias de doenças
ligadas à autoestima e imagem, como anorexia e bulimia.
Não são apenas as fotos lindas de
biquíni de modelos magérrimas, mas as próprias ideias disseminadas, como dietas
impossíveis e desafios de jejum. As pessoas passam a adotar determinados
comportamentos só porque uma subcelebridade faz assim ou assado.
É por isso que o Hospital das
Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), mantém o
Grupo de Dependências Tecnológicas há treze anos. O grupo surgiu para ajudar
pessoas viciadas no computador e no uso da internet. Entretanto atualmente se
dedica também a tratar pacientes que não conseguem sair das redes sociais.
Cristiano Nabuco, coordenador do
grupo, diz que é normal que muitos se sintam assim. “Indivíduos ficam, sim,
dependentes de redes sociais. E o ser humano é sensível às avaliações pessoais.
Nesse ambiente, a repercussão das coisas negativas e positivas tem um efeito
muito maior”, enfatiza.
Para agravar a situação, estamos
conectados 100% do nosso tempo. Com o advento da internet móvel e dos
smartphones, é praticamente impossível perder uma notificação. Essa ansiedade
de estar lá e responder também não é saudável e há mais médicos preocupados com
isso.
Como
mudar?
A recomendação é procurar ajuda
profissional. Se você sente que as suas redes sociais não lhe permitem
respirar, é hora de ir atrás de auxílio. Criar regras e horários para entrar e
navegar também pode contribuir para a redução da ansiedade.
Procure aproveitar o seu tempo
livre com outras atividades, como caminhadas e hobbies. E é claro, passe mais
tempo cercado das pessoas que você ama, assim evita o uso constante do celular.
Com as crianças, é possível educar desde cedo, facilitando a questão.
Mesmo assim, pode ser preciso intervenção de tempos em tempos.
Por Portal Correio