Domingo, 19 de janeiro de 2020
Acidentes com animais desse tipo foram incluídos pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) na lista das doenças tropicais negligenciadas
Escorpiões estão envolvidos na maioria dos acidentes com animais peçonhentos (Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília)
Animais peçonhentos são
aqueles que produzem peçonha (veneno) e têm condições naturais para injetá-la em
presas ou predadores. O Ministério da Saúde elenca escorpiões, aranhas, serpentes, abelhas,
lagartas e águas-vivas como os principais neste segmento. Os acidentes com
animais desse tipo foram incluídos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na
lista das doenças tropicais negligenciadas que acometem, na maioria das vezes,
populações pobres que vivem em áreas rurais.
Na Paraíba, segundo dados
fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde, foram registrados 8.020
acidentes com animais peçonhentos em 2019, número que aumentou em comparação
aos anos de 2017 e 2018, quando foram notificados 5.521 (45,3%) e 6.431 casos
(24,7%), respectivamente.
Prevenção
De acordo com orientações do
Ministério da Saúde, o risco de acidentes com animais peçonhentos pode ser
reduzido caso sejam tomadas algumas medidas gerais e simples para prevenção.
São elas:
-Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;
-Examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, antes de
usá-las;
-Afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de
armários;
-Não acumular entulhos e materiais de construção;
-Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede;
-Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés;
-Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e
ralos;
-Manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quintais,
paióis e celeiros;
-Evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e
manter a grama sempre cortada;
-Limpar terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois metros
junto ao muro ou cercas.
O que fazer em acidentes com animais peçonhentos
Ainda conforme recomendações
do Ministério da Saúde, em caso de acidente, a indicação é procurar atendimento
médico imediatamente. O paciente deve informar ao profissional de saúde o
máximo possível de características do animal, como tipo, cor, tamanho, entre
outras. Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao
atendimento médico, deve-se lavar o local da picada com água e sabão (exceto em
acidentes por águas-vivas ou caravelas), mantendo a vítima em repouso e com o
membro acometido elevado até a chegada ao pronto socorro.
Em acidentes nas extremidades
do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, deve-se retirar acessórios que
possam levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados
apertados.
Não se deve amarrar (fazer
torniquete) o membro acometido e, muito menos, cortar e/ou aplicar qualquer
tipo de substância (pó de café, álcool, entre outros) no local da picada.
Especificamente em casos de
acidentes com águas-vivas e caravelas, primeiramente, para alívio da dor
inicial, pode-se usar compressas geladas de água do mar (ou pacotes fechados de
gelo envoltos em panos, se disponível). A remoção dos tentáculos aderidos à
pele deve ser realizada de forma cuidadosa, preferencialmente com uso de pinça
ou lâmina. É preciso procurar assistência médica para avaliação clínica do
envenenamento e, se necessário, realização de tratamento complementar.
Além dessas indicações, é
necessário que não se tente ‘chupar o veneno’, pois essa ação apenas aumenta as
chances de infecção local. Veja aqui informações específicas
sobre como devemos proceder em cada caso, com os diferentes tipos de animais.
Locais de referência
Em João Pessoa, o Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (Ceatox), situado no Hospital Universitário
Lauro Wanderley, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) é o local de
referência para o tratamento de acidentes envolvendo animais peçonhentos.
Apenas na unidade, em 2019,
foram atendidos 2498 casos, sendo 2374 por acidentes com escorpiões, 48 com
serpentes e 76 com aranhas. Assim como no restante do estado, o Ceatox também
registrou crescimento das ocorrências totais, já que em 2018 foram 1401
atendimentos, sendo 1283 envolvendo escorpiões, 55 situações com serpentes e 63
com aranhas.
O Ministério da Saúde elenca
outras unidades de referência espalhadas pela Paraíba. As instituições de
saúde, bem como seus contatos e endereços podem ser encontrados neste link.
Por: Gustavo Medeiros