Segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020
Doença é comum em homens e causa muita dor na prática de exercícios
A DAOP é uma obstrução das artérias da perna, que dificulta a passagem sanguínea, da forma correta, pelo membro. Isso impede que o corpo envie oxigênio para os músculos e pode causar, além da dor, gangrena e úlceras nos locais afetados. (Foto: reprodução)
A claudicação
intermitente – ato de mancar – é muito comum entre as pessoas que sofrem com a
Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP). Em geral, as crises ocorrem
durante a prática de exercícios físicos. O paciente sente uma dor parecida com
a cãibra, o que acaba gerando grande incômodo na execução dos movimentos.
A DAOP é uma obstrução das artérias da perna,
que dificulta a passagem sanguínea, da forma correta, pelo membro. Isso impede
que o corpo envie oxigênio para os músculos e pode causar, além da dor,
gangrena e úlceras nos locais afetados.
O angiologista e presidente da Sociedade
Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), Bruno Naves, explica que
a DAOP nada mais é o que a falta de circulação na perna. “O fator mais
importante para que isso aconteça chama-se tabagismo, que vai deteriorando os
vasos arteriais. Associado ao cigarro tem a vida sedentária, o colesterol alto,
o stress, isso tudo vai deteriorando a parede da artéria, e essa parede vai
acumulando gordura e dificultando a chegada de sangue”.
Naves explica que a manifestação maior aparece
ao andar. “Para andar o músculo precisa de sangue, de nutrição e oxigênio, com
a doença não chega da forma adequada e o corpo sinaliza com dor: a pessoa anda,
dói, ela para e melhora, anda de novo, dói, para e melhora. A gente chama isso
de claudicação intermitente. Essa dor é uma sinalização que está faltando
circulação no músculo, aí a pessoa não consegue andar”.
Exercícios
O administrador aposentado Armado Camillo, de
73 anos, convive com a doença há cerca de 20 anos. Ele contou que no caso dele
são determinadas artérias que estão entupidas, com gordura calcificada, e o
problema é decorrente do tabagismo, embora já tenha abandonado o vício há 18
anos.
“Quando faço algum esforço, sinto uma fadiga
extremamente dolorosa na barriga, que às vezes me impedem inclusive de andar,
tenho que parar, esperar um pouco, depois continuar. E uma das soluções é
justamente o andar, e o andar provoca a dor, então é um círculo que a gente tem
que ficar administrando. Como a doença é progressiva, o andar é a alternativa
para que não progrida ainda mais”.
Além das caminhadas, ele faz hidroginástica e
exercícios na bicicleta ergométrica. “Estou numa situação estável há quatro
anos, isso decorrente dessas atividades que pratico, mas por sofrer da doença
aconselho aos jovens, não fume. Vejo a moçada com sua vida de fumante e a gente
que foi fumante vê como é perigoso esse hábito maléfico”, recomenda
Camillo.
Cãibras
Segundo o angiologista, a cãibra pode ser
também uma manifestação da falta de circulação. “O músculo, às vezes, por falta
de irrigação, contrai e causa dor e pode também ser por deficiência de
magnésio. O solo do Brasil é pobre em magnésio, mesmo comendo as verduras verde
escuras, que são fonte de magnésio, nem sempre é o suficiente para manter esse
mineral na quantidade ideal para o nosso corpo. A gente tem que fazer o
diagnóstico diferencial para saber se a cãibra é por falta de algum mineral ou
se é por falta de circulação”, alertou.
Para quem sofre com a falta do mineral, é
feita a reposição por meio de medicamento. No caso da pessoa com a doença
arterial periférica quando está no estágio inicial, o tratamento é motivar o
paciente a andar. “Toda vez que ele anda e sente dor, o cérebro recebe uma
mensagem assim: ‘olha, não estou dando conta de jogar sangue o suficiente lá na
perna, tenho que me virar’. E o nosso organismo é fantástico, ele consegue
criar uma circulação colateral que é novinha, fininha, essa circulação
colateral consegue refazer a circulação jogar a quantidade necessária de
oxigênio novamente, mas para isso acontecer tem que ter motivo”, descreveu
Naves.
Ele explica que para todo paciente que tem
sintoma de claudicação, e sente dor ao andar, o tratamento é justamente andar.
“No começo ele vai andar 100 metros, depois 200m. Quando ele perceber está
andando 1km, porque o próprio organismo vai fazer essa melhora. É claro, a
melhora acontece aliada à cessação total do tabagismo, controle muito vigoroso
do colesterol e da glicose, se ele for diabético, e se estiver obeso, também
deve diminuir o peso melhor, porque ele vai andar com mais facilidade”,
recomenda o médico.
Por: Agência Brasil