Sábado, 29 de janeiro de 2020
Ação deve reduzir suspeitas de coronavírus, que tem sintomas
parecidos
Serão disponibilizadas 75 milhões de doses (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
Por causa da confirmação do
primeiro caso de coronavírus no país, o de um homem de São Paulo, o Ministério
da Saúde decidiu antecipar a campanha de vacinação contra a gripe. Segundo o
ministro Luiz Henrique Mandetta, a campanha prevista para abril terá início este
ano no dia 23 de março. Para a campanha,
serão disponibilizadas 75 milhões de doses.
“Antecipamos em 23 dias a
data prevista original para essa campanha”, disse o ministro.
A campanha vai privilegiar
gestantes, puérperas, crianças de até seis anos de idade, idosos e,
possivelmente, acrescentou o ministro, outros grupos de pessoas que trabalham
na área de segurança e população carcerária. “Este ano vamos fazer outros
grupos que não os idosos. Devemos fazer [vacinação] nas forças de segurança, na
população presidiária completa, nos agentes penitenciários. Devemos fazer a
ampliação de segmentos para diminuir a circulação epidêmica”, falou o ministro.
Gripe x Coronavírus
A vacina contra a gripe não
previne o coronavírus. Mas segundo o ministro, ela será importante para
combater os demais vírus associados a outros tipos de gripes e diminuir a
dificuldade dos profissionais de saúde na hora de identificar corretamente o
tipo de vírus que está provocando os sintomas no paciente.
“A vacina [da gripe] dá
cobertura e deixa o sistema imunológico 80% protegido contra essas cepas de
Influenza e virais que estão circulando e são mais comuns que o coronavírus”,
disse o ministro. “Para um profissional de saúde, quando um indivíduo tem um
quadro gripal e informa que já foi vacinado [contra gripe], isso auxilia muito
o raciocínio do profissional para pensar na possibilidade de outras viroses que
não aquelas que são cobertas pela vacina. Ela [a vacina] é um instrumento
importante porque diminui a espiral de epidemia desses outros vírus que podem
eventualmente ocorrer e confundir a população”, destacou o ministro.
Coronavírus em São Paulo
Segundo balanço divulgado
nessa quinta-feira (27), há 85 casos suspeitos de coronavírus em todo o estado
de São Paulo. Quase todos esses casos, destacou Helena Sato, diretora do Centro
de Vigilância Epidemiológica, são de pessoas que estiveram no exterior. Duas
delas não estiveram no exterior, mas tiveram contato com o homem de 61 anos,
morador de São Paulo, que foi infectado com coronavírus. Todas elas estão em
seus domicílios e passam bem.
O infectologista David Uip,
coordenador do Centro de Contingência do Covid-19 em São Paulo, disse que as
pessoas com suspeita de coronavírus só devem buscar um centro de atenção
primária caso apresentem problemas respiratórios, ou seja, dificuldade para
respirar. Do contrário, caso os sintomas sejam apenas tosse e febre, o conselho
é para que as pessoas permaneçam em casa, hidratando-se. “Paciente com tosse e
febre, fique em casa para ser hidratado, com repouso e boa alimentação. Devem
procurar os serviços de saúde aqueles que apresentarem algum desconforto
respiratório”, falou ele.
O ministro reforçou que as
pessoas com coronavírus no país só ficarão internadas no hospital caso estejam
em situações graves ou com dificuldades respiratórias. Nos demais casos,
permanecerão em isolamento em casa. “O indivíduo vai para o hospital quando
está doente e precisa de cuidado hospitalar. Não se interna indivíduo no
hospital porque ele está com síndrome gripal conversando, falando, se
alimentando. A China iniciou dessa maneira [isolando pessoas dentro do
hospital]. Teve que fazer aquele hospital, e isso foi uma medida equivocada que
levou a um colapso do sistema hospitalar porque não se coloca pessoas com
síndromes respiratórias leves dentro de um hospital. Fico imaginando as outras
pessoas, com outras doenças, e que necessitam de leito hospitalar”, criticou.
“O isolamento domiciliar tem eficácia tão alta quanto no hospital”,
acrescentou o ministro.
Por: Agência Brasil