Quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020
Três meses após a morte
da filha, o pai e a mãe de Emanuele Medeiros, que tinha 16 anos, relatam
saudade e tristeza
A "brincadeira" que vitimou Emanuela é conhecida como "roleta humana" e viralizou em vídeos que circulavam na internet à época. Durante uma espécie de cambalhota, a adolescente caiu e bateu a cabeça no chão. Ela teve traumatismo craniano. (Foto: reprodução)
As aulas da turma
de Emanuela Medeiros começaram na última segunda-feira (17) na Escola Municipal
Antônio Fagundes, em Mossoró, mas a adolescente não estava lá. Ela morreu aos
16 anos em novembro do ano passado depois de bater a cabeça no chão ao cair
durante uma brincadeira na escola. Três meses após a tragédia, os pais da jovem
falam da dificuldade que ainda enfrentam para tocar a vida sem a filha.
"Muita saudade", resumiram, emocionados, Manoel da Costa e Maria Rita.
A "brincadeira" que vitimou Emanuela
é conhecida como "roleta humana" e viralizou em vídeos que circulavam
na internet à época. Durante uma espécie de cambalhota, a adolescente caiu e
bateu a cabeça no chão. Ela teve traumatismo craniano.
Na semana passada, com o início deste ano
letivo, novos vídeos em que adolescentes aparecem brincando de derrubar uns aos
outros no chão dentro de escolas começaram a circular nas redes sociais e a
preocupar pais e mães. Especialistas ouvidos pelo G1 alertaram para os riscos.
Desta vez, a prática, que também envolve três
pessoas, ficou conhecida como "desafio da rasteira" ou "desafio
quebra-crânio".
A repercussão dos vídeos fez com quem
profissionais e entidades se manifestassem. A Sociedade Brasileira de
Neurocirurgia (SBN) emitiu uma nota alertando pais e educadores sobre o perigo
de lesões irreversíveis ao crânio e à coluna vertebral.
"A vítima pode sofrer danos no desempenho
cognitivo, fratura de vértebras, perder movimentos do corpo e até morrer",
diz o comunicado.
Preocupados, os pais de Emanuela fazem um
apelo: "Pedimos aos adolescentes que não participem dessa brincadeira, não
brinquem disso. Isso pode matar".
Morte após 'brincadeira'
Três meses após a morte de Emanuela, os pais
da adolescente falam da saudade e do vazio. "Lembro dela a todo momento. É
muita saudade”, conta o pai. A mãe diz que também sente falta da filha no
cotidiano da casa. "Ela me ajudava muito. O coração tá apertado, muita
tristeza."
Emanuela cursava o 9º na Escola Municipal
Antônio Fagundes, em Mossoró, Oeste potiguar. Depois do acidente, foi internada
no dia 8 de novembro e teve a morte confirmada no dia 11. Em 2020, cursaria o
1º ano do ensino médio – ela planejava ser enfermeira.
Dona Maria Rita conta que, depois da queda, o
diretor da escola levou a adolescente para a casa dela, para que buscasse os
documentos e fosse ao hospital em seguida.
A mãe recorda: "Ela falou comigo, disse
que estava com dor de cabeça. Quando entramos no carro para ir ao hospital, não
falou mais. No hospital eu passei o dia chamando por ela".
Seu Manoel lembra que estava no centro da
cidade pagando contas quando recebeu a ligação do filho, informando que
Emanuela estava internada. "Saí correndo. Cheguei lá e ela não tinha
reação. Eu disse à médica 'doutora, tenho certeza que minha filha não está mais
viva'", relata o pai.
Ele alerta: "Peço aos diretores e
professores que tenham atenção com esse tipo de brincadeira. Quero alertar
também a cada pai que converse com os seus filhos. O que aconteceu com minha
filha pode acontecer com qualquer filho".
Por: G1/RN