Quinta-feira, 19 de março de 2020
Cerca de 80 pacientes que receberam o remédio tiveram melhora mais
rápida de seus sintomas e eliminaram o vírus do organismo mais rápido
Testes
preliminares feitos com um pequeno grupo de pacientes na China sugerem que um
medicamento desenvolvido para combater outras doenças virais também poderia ter
efeitos positivos contra a atual pandemia de Covid-19, informa a agência de
notícias Reuters.
Trata-se do
favipiravir, produzido comercialmente no Japão com o nome de Avigan. O fármaco
ainda não tem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),
não podendo, portanto, ser vendido no Brasil. Hoje, ele é produzido apenas sob
demanda no país onde foi desenvolvido.
Segundo
Zhang Xinmin, funcionário do Ministério da Ciência e Tecnologia da China, cerca
de 80 pacientes da região de Shenzhen que receberam o remédio tiveram melhora
mais rápida de seus sintomas respiratórios e demoraram menos tempo para
eliminar o vírus de seu organismo. De acordo com o Nikkei Asian Review, jornal
japonês de língua inglesa, essas melhoras se deram após 4,6 dias (no caso da
tosse) e quatro dias (no caso dos testes sobre a presença do material genético
do vírus), contra uma média de seis e 11 dias dos pacientes que não tomaram o
remédio.
Os
dados disponíveis até o momento indicam que o favipiravir atrapalha o processo
de cópia do RNA, molécula “prima” do DNA que serve de material genético para
muitos vírus, como o novo coronavírus, ou Sars-CoV-2, e também os causadores da
febre amarela, da gripe e do Ebola.
Ao
impedir que esses vírus produzam novas cópias de seu genoma, a droga seria
capaz de barrar a reprodução viral nas células humanas. Durante o surto de
Ebola de 2014, que matou mais de 11 mil pessoas, o medicamento japonês chegou a
ser testado contra o vírus da doença, mas mostrou efeitos positivos apenas em
pacientes que tinham quantidade relativamente baixa do parasita em seu
organismo. O governo do Japão considera que ele poderia ser uma linha de defesa
possível contra novas variantes perigosas de vírus da gripe.
Os resultados
ambíguos da droga no combate ao Ebola, bem como a dificuldade geral de produzir
medicamentos antivirais altamente eficazes, sugerem que ainda é cedo para
considerar remédios como o favipiravir uma opção viável para tratar a Covid-19.
Além disso, é preciso considerar o risco de efeitos colaterais, ainda não
detectados por não ter ocorrido uso em massa.
Apesar
disso, as ações da Fujifilm, cujo braço farmacêutico fabrica a droga, subiram
15%. A empresa, porém, ressaltou que sua licença para produzir o medicamento na
China expirou em 2019. Isso deve abrir espaço para que, caso necessário, os
chineses produzam uma versão genérica do remédio.
Por: Folha - Créditos:
Folha