Sábado, 16 de maio de 2020
Ediene Silva era diabética e
apresentou sintomas gripais. Deu entrada em algumas unidades de saúde, mas só
teria sido atendida no Hospital Clementino Fraga.
Ediene Santos de Albuquerque Silva, de 37 anos, morreu por Covid-19, na Paraíba — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco
Ediene
Santos de Albuquerque Silva tinha 37 e morreu por Covid-19 no dia 6 de maio, de
acordo com o boletim
divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) no dia 7 de maio. Antes disso, segundo a família, ela esteve em várias
unidades de saúde para tentar ser atendida já que, além de diabética,
apresentava também sintomas gripais. Esteve no Posto de Saúde de Várzea Nova,
na UPA de Tibiri e no Hospital Flávio Ribeiro Coutinho, todos em Santa Rita,
onde morava Ediene. Agora outros seis familiares dela também estão infectados
pelo coronavírus.
De acordo com a SES, Ediene começou a apresentar os sintomas no
dia 24 de abril. A família conta que as três unidades de saúde recusaram o
atendimento. Segundo a mãe de Ediene Santos, Antônia Alexandre, quando a filha
chegou na UPA, os profissionais de saúde mandaram ela ir para o Posto de Saúde.
Nos dois locais, ela foi dispensada para ir para casa.
Quando o quadro clínico piorou, a
família encaminhou Ediene diretamente para o Hospital Clementino Fraga,
referência no tratamento da Covid-19, em João Pessoa. No entanto, os parentes
foram informados que apenas pacientes encaminhados de serviços de saúde
poderiam ser atendidos.
Conforme o hospital, Ediene deu entrada na unidade de saúde no
dia 1º de maio, com quadro de tosse e sensação de desconforto respiratório há
uma semana, mas sem registro de comorbidades. Foi iniciado tratamento com
remédios para o quadro pulmonar. Segundo a família, ela entrou consciente e
bem.
No dia 4 de maio, à noite, a paciente
sofreu uma agitação e hiperglicemia (elevação da glicemia sanguínea). No dia
seguinte estava desacordada, porém saturando bem em ar ambiente. Foi quando foi
solicitado o teste de glicemia e as taxas se apresentaram muito altas, com
alteração pulmonar grave.
Nesse momento, Ediene, conforme o
Hospital Clementino Fraga, foi levada à UTI por cetoacidose diabética. A
unidade de saúde registrou a sua morte na noite do dia 6 de maio.
"Quando chegou estava consciente e
orientada. Quando perguntada sobre comorbidades, negou ter qualquer uma, então
só foram feitos exames de glicemia após se perceber que a paciente apresentava
aumento da diurese e evoluiu para alterações de consciência. Muito
provavelmente a paciente evoluiu grave devido à doença gripal associado ao
quadro de hiperglicemia, que infelizmente evoluiu de forma rápida e
fatal", diz a nota do Hospital Clementino Fraga.
Ediene Silva morreu no Hospital Clementino Fraga, em João Pessoa — Foto: Kleide Teixeira / Jornal da Paraíba
Depois
disso, nove pessoas da família de Ediene realizaram o teste para a Covid-19.
Seis testaram positivo, entre elas o pai de Edine, de 68, que é hipertenso e
tem apresentado um quadro de febre persistente.
"Enterrei
minha filha sem o direito de ver, sem o direito de fazer um velório
digno", lamenta a mãe.
A Prefeitura de Santa Rita disse que
até então não tinha conhecimento do caso, mas que vai abrir um processo
administrativo para investigar o atendimento. A TV Cabo Branco tentou entrar em contato com a direção do Hospital Flávio Ribeiro
Coutinho sobre a negativa do atendimento, mas não houve resposta.
Por: G1 PB