Sábado, 06 de maio de 2020
Em 2019, 756 homens e 228 mulheres contraíram o vírus. Do total,
36,9% desenvolveram a Aids. Pardos e negros são 70% da população infectada
Usar camisinha é a melhor forma de se proteger contra HIV/Aids (Foto: Divulgação/Secom-PB)
Vírus silencioso, algumas vezes não detectável, mesmo depois de
quase quatro décadas do surgimento dos primeiros casos, a pandemia da Aids
continua a ser um dos grandes desafios para a saúde mundial. Aproximadamente 35
milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo. Nesta sexta-feira (5), data
alusiva aos 39 anos da descoberta da Aids no mundo, a Secretaria de Estado da
Saúde (SES) faz uma análise do cenário do agravo na Paraíba.
Em 2019, a taxa de detecção
de HIV no estado foi de 984 pessoas, sendo 756 homens e 228 mulheres. Do total,
36,9% desenvolveram a Aids. Pardos e negros são 70% da população infectada por
HIV. Os dados de exposição por categoria mostram que 257 dos diagnosticados se
declararam homossexuais e 374 disseram ser heterossexuais.
Pessoas com idade entre 30 e
39 anos apresentaram um maior número de exposição ao HIV, com 112 casos,
seguido da faixa-etária de 20 a 29 anos, com 107 pessoas, e 40 a 49 anos, com
73. Em 2019, foram detectados 12 casos de adolescentes positivadas para o HIV
com 15 anos de idade.
Estigma
A gerente operacional de
IST/HIV/Aids da SES, Ivoneide Lucena, avalia que a percepção e o perfil da
doença foram se modificando ao decorrer dos anos. No começo, havia o estigma do
grupo de risco e de que só uma determinada população poderia pegar a doença,
além do preconceito com as pessoas vivendo com HIV/Aids e da desinformação.
“Embora o preconceito ainda
seja grande e focado na população gay, essa percepção está mudando. Hoje não
falamos mais em população de risco e sim em situação de risco. Então qualquer
pessoa que passou por uma situação assim está sujeita a se contaminar com o
HIV, seja ela heterossexual, mulher casada, bebê”, afirma.
Diagnóstico rápido e tratamento
Sobre o cenário atual da Aids
na Paraíba, muito se avançou, desde a disponibilidade de tratamento gratuito na
Rede Estadual de Saúde, ao diagnóstico rápido e proteção. Ivoneide Lucena
pontua que, atualmente, os 223 municípios da Paraíba disponibilizam o teste
rápido para a detecção do vírus nos postos de saúde e em 20 minutos é possível
receber esse resultado.
Em casos positivados, o
usuário é encaminhado para os serviços de referência da Paraíba, orientado a
fazer exames laboratoriais e acompanhado por um infectologista. O tratamento é
ofertado pelo SUS e pacientes com HIV/Aids têm acesso gratuito aos medicamentos
antirretrovirais.
“Com a oferta do teste
rápido, estamos conseguindo diagnosticar mais pessoas com HIV do que com Aids,
e é isso que a gente quer, mais pessoas ainda sem nenhuma infecção oportunista,
sem nenhuma doença e sim pessoas muitas vezes assintomáticas, para começar o
tratamento e reduzir a carga viral dessa pessoa, tornando o vírus
indetectável”, diz a gerente operacional de IST/HIV/Aids da SES.
Incentivo à prevenção
Como medidas de proteção, os
usuários têm a facilidade de acesso aos preservativos nas unidades básicas de
saúde em todos os municípios paraibanos, além da disponibilização de forma
descentralizada das tecnologias para prevenção e o tratamento que inclui o
tratamento antirretroviral como medida de prevenção; a Profilaxia Pós-Exposição
ao HIV (PEP), que é o uso de medicamentos diante de uma situação de risco; e a
Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PREP), que consiste no uso diário de
medicamento antirretroviral para evitar a infecção pelo vírus.
“Outro avanço que estamos
conseguindo é a redução da transmissão vertical do HIV, ou seja, transmissão da
mãe infectada para o feto. Não dá mais, não se admite mais que uma criança, na
hora do parto, possa ser exposta ao HIV, porque essa mãe no pré-natal foi
testada no terceiro, no sétimo mês e na hora do parto para que ela não venha a
expor esse bebê ao HIV e não venha a amamentar essa criança”, observa Ivoneide
Lucena.
Pandemia
Os serviços nos centros de
referência continuam funcionando durante a pandemia de
coronavírus, porém em horário reduzido. Ivoneide Lucena pede que
pacientes em tratamento não parem de tomar a medicação, pessoas que foram
expostas a uma situação de risco recorram aos serviços de referência e que
todos façam uso do preservativo como prevenção.
“Assim como estamos usando a
máscara para proteger do coronavírus, usar camisinha é fundamental para a
prevenção do HIV. A Aids também é uma pandemia que está circulando há 39 anos.
Do mesmo jeito que existem pessoas que carregam o coronavírus e são
assintomáticas, existem os portadores do HIV que não sentem nada. Por isso a
importância da prevenção”, destaca.
Combate ao preconceito
Para barrar o preconceito,
desde 2017, a SES oferta cursos na metodologia de Ensino à Distância (EAD) para
professores e alunos da Rede Estadual com várias temáticas e informações
voltadas ao HIV e Aids. Entre os temas estão a educação entre pais, as diversidades
sexuais, a identidade de gênero, entre outros.
“Esses cursos servem para
derrubar algumas barreiras. Sabemos que os professores não tiveram a
oportunidade de estudar muitos desses temas durante a graduação. Já os alunos,
é importante discutir essa temática para que eles possam dialogar com seus
colegas, dentro e fora da sala de aula”, explica.
Por:
Portal Correio