Terça-feira, 11 de maio de 2021
Matéria do G1
Pessoas perto de Ahmedabad, na Índia, depois de passar uma pasta de estrume de vaca no corpo, em 9 de maio de 2021 — Foto: Amit Dave/Reuters
Médicos na Índia se viram
obrigados a alertar a população que espalhar estrume de vaca pelo corpo não
protege contra a Covid-19 e que ainda há risco de contágio por outras doenças.
No estado de Gujarat,
algumas pessoas têm ido a currais uma vez por semana para cobrir o corpo de
esterco e urina de vaca, na esperança de que isso fortaleça a imunidade contra
o coronavírus ou mesmo que possa ajudá-los a se recuperar da doença.
O coronavírus já
infectou mais de 22,6 milhões de pessoas na Índia. Até agora, foram mais de 246
mil mortes notificadas oficialmente (os especialistas dizem que o número real
pode ser até 10 vezes maior). Há falta de leitos hospitalares, oxigênio e
remédios e, assim, muitos morrem sem tratamento.
A vaca no hinduísmo
A vaca é sagrada no
hinduísmo. É um símbolo da vida e da terra. Durante séculos, os hindus usaram
estrume de vaca em rituais religiosos. Eles acreditam que o material tem
propriedades terapêuticas.
“Vemos até mesmo
médicos aqui. A crença deles é que essa terapia melhora a imunidade e que eles
podem atender os pacientes sem receio”, disse Gautam Manilal Borisa, um gerente
de uma empresa farmacêutica.
Ele mesmo vai com
frequência a uma escola de monges hindus para passar pelo banho de estrume.
Os participantes
passam uma mistura de estrume e urina nos corpos e esperam secar. Eles se
abraçam e fazem homenagens às vacas no recinto e também praticam yoga. Depois,
eles se lavam com leite.
Médicos e cientistas
na Índia e em outros países já avisaram que tratamentos sem eficácia podem
levar a uma falsa sensação
de segurança em relação à pandemia e piorar a
situação epidemiológica.
O presidente da
Associação Médica Indiana, o doutor J.A. Jayalal, afirmou que não há nenhuma
comprovação científica de que estrume e urina de vaca fortalecem a imunidade
contra a Covid-19.
“Há risco à saúde ao
usar esses produtos. Doenças dos animais podem contaminar os humanos”, afirmou.
Além disso, há
aglomeração de pessoas nesses rituais, o que vai contra as orientações mundiais
de especialistas para evitar a disseminação da Covid.
Por: G1