Quinta-feira, 12 de agosto de 2021
Ator foi internado na sexta-feira, 6 de agosto, e intubado na
Unidade de Terapia Intensiva
O ator Tarcísio Meira, em 2019 (Foto: Lailson Santos)
Tarcísio Meira morreu aos 85
anos de idade nesta quinta-feira (12). O ator foi vítima das complicações da
Covid-19 e havia sido internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no
dia 6 de agosto, com a mulher, Glória Menezes. A informação foi confirmada por
Tadeu Lima, assistente pessoal do casal.
Considerado um dos maiores atores da dramaturgia, Tarcísio nasceu
em outubro de 1935, em São Paulo. Ele começou a carreira artística após
desistir de se tornar diplomata no final dos anos 1950 no teatro, em peças como
Chá e Simpatia e Quando As Paredes Falam, ambas em 1957.
Tarcísio estreou na TV Tupi em 1959 no teleteatro Noites Brancas.
Dois anos depois, contracenou primeira vez com Glória Menezes em Uma Pires
Camargo, em 1961, de Geraldo Vietri. Os dois se casaram no ano seguinte. Único
filho do casal, Tarcísio Filho nasceu em 1964.
Na Excelsior, o ator se destacou pela atuação com a mulher em
2-5499 Ocupado (1963), de Dulce Santucci, e fez mais nove trabalhos da
emissora. Em 1967, eles fizeram sua estreia na Globo em Sangue e Areia e se
consagraram como um dos casais favoritos da TV brasileira.
Em recente entrevista à Quem, o ator falou sobre envelhecer: “Não
tem nada de melhor na velhice, tudo é pior. Envelhecer é uma coisa muito chata.
Tem limitações física e intelectuais cada vez maiores. A memória não é mais a
mesma. A morte está aí. Qualquer hora ela chega. Que chegue bem. Não penso
muito nisso. Me preocupo em ficar bem, cuidar da minha saúde, não saio por aí
fazendo loucuras. Faço as minhas consultas, vejo as coisas que estão erradas
comigo e procuro corrigi-las, faço academia, minha ginastiquinha… Não faço
tanto quanto deveria, mas faço.”
Na década
de 1980, Tarcísio teve desafios na carreira e fez papéis que quebrou estigmas
na época. Em 1981, ele atuou em Idade da Terra, de Glauber Rocha, e O Beijo no
Asfalto, de Bruno Barreto, em que beijava o personagem de Ney Latorraca.
Entre seus principais trabalhos estão Irmãos Coragem (1970),
Cavalo de Aço (1973), ‘O Semideus (1973), Guerra dos Sexos (1983), O Tempo e o
Vento (1985), Desejo (1990), Rei do Gado (1996), Torre de Babel (1998), Hilda
Furacão (1998), A Muralha (2000), O Beijo do Vampiro (2002), Senhora do Destino
(2004), Páginas da Vida (2006), A Favorita (2008), A Lei do Amor (2016) e
Orgulho e Paixão (2018). A novela das 2018 foi a última de sua carreira. Ele
interpretou Lorde Williamson, um poderoso industrial inglês, mas foi afastado
da trama por uma infecção pulmonar.
No teatro, Tarcísio apresentou 31 peças. Ele subiu ao palco pela
última vez em 2019/2020, qundo reencenou O Camareiro, peça que protagonizou em
2015. Ele vendeu o Prêmio Shell de Melhor Ator em 2016 pelo papel.
Para a Quem, Tarcísio falou sobre a carreira repleta de sucessos.
“Não sinto falta de estar sempre ocupado. Sinto que já fiz bastante coisa,
muitas boas e outras nem tanto… Tudo foi acontecendo quase como um turbilhão na
minha vida. Nem parava muito para pensar, não dava tempo. Tive pouco tempo para
mim na minha vida. Não sei como é hoje em dia fazer novela, tenho impressão que
é mais fácil, mais dividido. Antes era concentrada em muitos poucos atores.
Acho que ninguém decorou tanto texto quanto eu.”
Nascido Tarcísio Magalhães
Sobrinho no dia 5 de outubro de 1935, em São Paulo, o sobrenome do ator veio
“emprestado” de sua mãe, Maria do Rosário Meira Jáio de Magalhães. A adoção do
nome artístico “Tarcísio Meira” foi pela quantidade de letras, o que era uma
superstição do rapaz na época.
Glória e Tarcísio são
considerados um dos maiores casais da TV brasileira. “Não tem muita fórmula. É
muito amor. Tivemos a sorte de termos nos encontrado. Acho que se existe uma
crise tão forte que justifique a separação, tem que se se separar mesmo. A
gente passa por crises, mas há coisas melhores e maiores. Eu nunca fiz esforço
para continuar casado com a minha mulher e nem ela. Houve uma época que
brinquei que ia me separar só para satisfazer as pessoas. Daí pensava: ‘Depois
eu volto’ (risos).”
Por: Quem Acontece