Quinta-feira, 30 de setembro de 2021
"O
horário de verão não se faz necessário no que diz respeito à economia de
energia", disse o ministro.
Foto: Reprodução/Internet
Setores
como o de turismo, serviços e shoppings centers veem também no programa uma
maneira de melhorar os negócios com uma hora a mais de claridade durante o dia.
(Foto: Reprodução)
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Após semanas de pressão e novos
estudos, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, descartou nesta
quinta-feira (30) a retomada do horário de verão, programa extinto em 2019 pelo
presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"O horário de verão não se faz necessário no que diz respeito à
economia de energia", disse o ministro, em entrevista após inauguração de
térmica em São João da Barra (RJ), a 320 quilômetros do Rio de Janeiro.
"[O programa] não foi renovado em 2019 e permanece da forma como
está."
O governo vinha recebendo pressões de setores da economia pela retomada
do horário de verão como medida para aliviar a pressão sobre os reservatórios
das hidrelétricas durante o pior período da crise hídrica, enquanto as chuvas
de verão não chegam.
Setores como o de turismo, serviços e shoppings centers veem também no
programa uma maneira de melhorar os negócios com uma hora a mais de claridade
durante o dia.
Pesquisa Datafolha divulgada na semana passada mostrou que mais da
metade dos brasileiros é a favor da volta do horário de verão: segundo o
instituto, 55% apoiam a iniciativa, que é rejeitada por 38%. Os demais são
indiferentes ou não souberam responder.
Diante da crise hídrica, o governo chegou a pedir ao ONS (Operador
Nacional do Sistema Elétrico) novos estudos sobre a eficácia do programa, que
concluiu que o retorno do programa não traria impactos no enfrentamento da
crise energética.
Os resultados do estudo são semelhantes àqueles que justificaram o fim
do horário de verão: com a popularização dos aparelhos de ar condicionado, o
pico do consumo foi deslocado para o início da tarde, quando faz mais calor.
Por isso, não há mais grande economia em retardar o pôr-do-sol. Antes da
mudança do perfil de consumo residencial, o pico ocorria no início da noite,
quando empresas e indústrias ainda funcionavam e mais pessoas estavam em casa
utilizando eletrodomésticos.
Em São João da Barra, o ministro de Minas e Energia participou de
solenidade de inauguração da térmica GNA-1, a segunda maior do país, que
iniciou as operações na semana passada após atrasos no cronograma provocados
pela pandemia e por problemas técnicos.
Com capacidade para gerar 1.338 MW (megawatts), a usina foi celebrada
como um reforço ao sistema elétrico neste momento de crise hídrica. Quatro dias
após sua inauguração, porém, teve as operações paralisadas por dois dias após
apresentar problemas em equipamento.
Segundo dados do ONS, a usina não tem entregado toda sua capacidade nos
últimos dias. Na quarta (29), tinha uma capacidade disponível de 860 MW e
deixou de gerar por pouco mais de uma hora durante a noite. Na média do dia,
sua geração ficou em 720 MW.
A GNA (Gás Natural Açu), sua operadora, anunciou nesta quinta o início
das obras da segunda usina do complexo, que terá 1,7 mil MW de capacidade,
tornando o Porto do Açu, no litoral norte do Rio, o maior complexo de geração
de energia térmica do país.
O evento em São João da Barra foi usado pelo MME no esforço para
apresentar feitos dos mil dias do governo Jair Bolsonaro. Dois vídeos com
realizações do governo foram exibidos e o ministro usou seu discurso para
apresentar um balanço de sua gestão.
O palco, que recebeu o governador do estado, Cláudio Castro (PL),
deputados fluminenses de autoridades do setor elétrico, estava decorado com o
logotipo da campanha dos mil dias de governo.
Por: Nicola Pamplona/Folhapress