Terça-feira, 05 de outubro de 2021
O auxílio,
pago hoje a cerca de 35 milhões de pessoas, termina no fim do mês. Ala política
defende a ideia de aumentar valor e prazos.
Prorrogação do auxílio emergencial divide o governo (Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL)
Uma alta fonte do governo federal garantiu: "Vamos retomar as
conversas", referindo-se à prorrogação do auxílio emergencial, que termina
no fim do mês. Integrantes da ala política defendem a ideia de aumentar o
valor, que hoje varia de R$ 150 a R$ 375, e prorrogar o benefício até o fim de
2022. A intenção é evitar que o benefício termine antes das eleições e tentar
dar um fôlego eleitoral à disputa da reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
Nesse contexto, os integrantes do governo defendem até um aumento do valor do
benefício para algo em torno de R$ 400 a R$ 500.
O problema é que, na visão da equipe econômica, a medida aceleraria
ainda mais a inflação, que já está na casa dos dois dígitos. “A inflação vai
continuar subindo. Aí, quem pegar o país vai pegar todo complicado. É incrível
a falta de patriotismo, de responsabilidade de quem está defendendo. Na verdade
vai ser ruim para todo mundo, vai ser ruim para o governo, vai ser ruim para o
Brasil, vai ser ruim para todo mundo”, afirma fonte.
A prorrogação é avaliada por outra importante fonte como "uma saída
que os políticos gostam mais, mas não é o mais responsável", do ponto de
vista das contas públicas. O argumento é para lembrar que a prorrogação do
auxílio emergencial seria por meio do Orçamento de Guerra, fora do teto de
gastos públicos.
O ministro Paulo Guedes tem defendido a ampliação do Bolsa Família, que
passaria a se chamar Auxílio Brasil. O governo já tem os recursos para pagar o
benefício com o reajuste neste ano. O novo Bolsa Família iria dos atuais R$
190, em média, para R$ 300, e o número de famílias saltaria para 17 milhões de
pessoas. Só que o Auxílio Brasil depende do Congresso, não é possível lançar o
programa social sem a definição dos recursos para o ano que vem. Essa medida
depende da aprovação de duas propostas: mudanças no pagamento de precatórios,
que são as dívidas judicias do governo, e reforma do Imposto de Renda, que
cumpre a regra de apontar uma nova fonte de recursos para a despesa.
O impasse coloca em lados opostos ministros como Fábio Faria (das
Comunicações), Rogério Marinho (do Desenvolvimento Regional), Ciro Nogueira (da
Casa Civil) e Paulo Guedes (da Economia), que tem dito nos bastidores que está
decepcionado. Guedes acredita que tem o apoio de Bolsonaro e de Arthur Lira (presidente
da Câmara) para continuar no Plano A, que consiste em aprovar as medidas e
lançar a reformulação do Bolsa Família sem prorrogar o auxílio emergencial.
Nesse contexto, é importante entender que o Auxílio Brasil depende da
aprovação de mudanças nos precatórios e da reforma do Imposto de Renda, que
enfrentam resistência no Senado. Com o prazo apertado, aumentam as chances de
prorrogação do auxílio emergencial, e as conversas nos próximos dias serão
decisivas para saber o caminho que o governo vai seguir.
Segundo outra importante fonte da ala política, é preciso uma definição
até a metade de outubro.
Outro fato relevante entra nessa difícil equação política e econômica. O
auxílio emergencial é pago a 35 milhões de pessoas, e o novo Bolsa Família
seria repassado a 17 milhões de famílias, ou seja, outros 18 milhões de pessoas
podem ficar sem benefícios se não houver prorrogação do auxílio emergencial.
Por: R7