Terça-feira, 09 de novembro de 2021
A proposta de 23 milhões, o valor mínimo estipulado em edital, foi
tornada pública nesta segunda-feira (8)
A CRBS S. A. é sediada em Jaguariúna, interior de São Paulo. Ela é voltada à produção de cervejas, refrigerantes e bebidas em geral e tem a Ambev como controladora final. (Foto: Reprodução)
Uma empresa ligada à Ambev (a CRBS S. A.) será a patrocinadora do carnaval
de rua da cidade de São Paulo em 2022. A proposta de 23 milhões, o valor mínimo
estipulado em edital, foi tornada pública nesta segunda-feira, 8. A gigante do
setor de bebidas já havia patrocinado o evento em 2019 e 2020.
A expectativa da Prefeitura é repetir o público de 2020, com 15 milhões
de foliões. A gestão Ricardo Nunes (MBD) tem destacado que a realização
dependerá da liberação dos órgãos municipais de saúde, a depender da situação
da pandemia da covid-19.
A CRBS S. A. é sediada em Jaguariúna, interior de São Paulo. Ela é
voltada à produção de cervejas, refrigerantes e bebidas em geral e tem a Ambev
como controladora final.
Nos dois carnavais anteriores, o patrocínio foi da Arosuco, também
ligada à Ambev. O contrato de 2020 é alvo de ação aberta pelo Ministério
Público (que também envolve outras empresas e pessoas físicas), com a alegação
de haver irregularidades no processo licitatório, o que foi negado pelas
partes. A ação ainda tramita na 11ª Vara de Fazenda Pública.
A Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social avaliou que “a
verdadeira patrocinadora do carnaval de rua de São Paulo de 2020 foi a também
requerida Ambev, mas, como referida pessoa jurídica não ostenta regularidade
fiscal para contratar com o Poder Público, optou-se por uma negócio simulado,
contratando empresa de seu conglomerado, que não ostenta restrições jurídicas
ou fiscais”.
“Verifica-se com facilidade a veracidade desta conclusão pelo simples
fato de que, na publicidade realizada por conta do patrocínio prestado por
força do já mencionado contrato, nenhum produto fabricado ou distribuído pela
requerida Arosuco fez parte das peças publicitárias, delas constando apenas os
produtos da Ambev, que, repita-se, não poderia firmar contrato com o Poder
Público, em virtude de inabilitação fiscal”, destaca Ricardo Manuel Castro, 9º
Promotor de Justiça do Patrimônio Público e Social.
Na época, em nota, a Ambev afirmou que “venceu a licitação para o
carnaval de São Paulo de forma regular dentro do nosso compromisso com a legalidade”.
A Ambev e a Prefeitura foram procuradas pelo Estadão e terão os posicionamentos
atualizados nesta matéria quando enviados.
Carnaval de rua de São Paulo tem 867
desfiles inscritos
Após crescimento nas edições anteriores, as inscrições para o próximo
carnaval caíram 9,68%, com 867 solicitações de desfiles para 2022, ante as 960
de 2020. Os cortejos estarão concentrados majoritariamente em oito dias, 19 e
20 de fevereiro (pré-carnaval), 26, 27, 28 de fevereiro e 1º de março
(carnaval) e 5 e 6 de março (pós-carnaval).
Como mostrou reportagem do Estadão, parte dos blocos se inscreveu com
hesitação e decidirá se desfilará de fato apenas mais próximo da data. O número
de desfiles realizados em comparação aos inscritos costuma cair até o carnaval,
por motivos relacionados a patrocínio, organização e outros. Em 2020, por
exemplo, o Estadão noticiou que mais de 30% desistiram até quatro dias antes do
início da programação.
Dos 960 desfiles inscritos naquele ano, 670 foram realizados, de acordo
com balanço da Prefeitura. A desistência precisa ser notificada com
antecedência. Em 2022, o prazo mínimo é de 30 dias e a punição para o
descumprimento é a proibição de desfilar por dois anos seguidos. Outra regra é
que a dispersão deverá ocorrer às 19 horas.
As inscrições também caíram no Rio, de 731 para 620, uma redução de
15,18%. Por lá, os números também costumam variar até a chegada do carnaval. Do
total em 2020, por exemplo, 441 foram autorizados a ocorrer.
Uma pesquisa do Observatório do Turismo da Prefeitura, feita em 2020,
apontou que 73,6% dos foliões moram na cidade e que 50,4% vai a mais de um
desfile. Entre os visitantes, 59,3% vivem na Grande São Paulo, 20,7% no
interior paulista, 19,4% em outros Estados e 0,6% fora do País.
Outro dado apontado no levantamento é que o público majoritariamente
utiliza transporte coletivo para ir aos desfiles, principalmente ônibus ou trem
(51,4%) e ônibus (31,6%). Durante a programação, são frequentes casos de
estações e veículos com alta lotação.
Em coletiva realizada em outubro deste ano, a Prefeitura mostrou ter
desenvolvido um cálculo para estimar a capacidade e a quantidade de públicos
dos desfiles, com a classificação da aglomeração em cinco níveis (o mais alto é
de 6 pessoas por metro quadrado). Estes dados serão utilizados exclusivamente
para o planejamento de infraestrutura.
Na ocasião, também foi destacado que 85% do público frequenta cerca de
10% dos blocos, de médio e grande porte. Os chamados megablocos geralmente são
liderados por agremiações populares (como o Acadêmicos do Baixo Augusta, por
exemplo) e artistas famosos, como a cantora Daniela Mercury e outros.
Ao todo, a edição de 2020 teve 570 blocos e 670 desfiles. A maioria dos
desfiles ficou concentrada especialmente na região central (240) e zona oeste
(224), majoritariamente nas subprefeituras Sé, Pinheiros e Lapa.
Para 2022, não serão autorizadas inscrições de novos desfiles de
pré-carnaval nas subprefeituras da Sé, Pinheiros, Vila Mariana e Lapa, após a
avaliação de que há uma grande concentração de blocos neste locais nas duas
datas.
Os desfiles de maior porte continuarão concentrados na Rua da
Consolação, na Avenida Tiradentes, no Parque do Ibirapuera e em outros sete
pontos.
Em outubro, a Prefeitura também anunciou a instalação de tendas
temáticas de cuidado infantil e também contra a violência contra a mulher, o
assédio, o racismo e a LGBTfobia. Serão distribuídas pulseiras para a
identificação de crianças e adolescentes, além de camisinhas.
Por: ISTOÉ Dinheiro