Terça-feira, 14 de dezembro de 2021
Cinquenta e nove cidades nos dois estados estão em situação
de emergência por causa do temporal que elevou o nível da água dos rios. Número
de desabrigados passou de 9 mil. Meteorologia prevê melhoria do tempo na região
(Crédito: Isac Nóbrega/PR)
Subiu para
12, ontem, o número de mortos pelas fortes chuvas
que atingem Minas Gerais e a Bahia, nas últimas semanas — os óbitos foram dois nos municípios mineiros e 10,
nos baianos. Cinquenta e nove cidades nos dois estados estão em situação de
emergência. Por conta dos temporais, rios transbordaram, a água invadiu
centenas de casas e construções, estradas afundaram com a força das tempestades
e pontes foram destruídas — terminando por isolar algumas cidades. Além disso,
o abastecimento de água e fornecimento de energia elétrica também está afetado
em várias localidades.
O número de desabrigados nos dois estados vem crescendo rapidamente:
entre domingo e ontem, subiu de 3.872 para 9.565 a quantidade de pessoas que
tiveram que deixar suas casas em Minas Gerais — a Defesa Civil da região
relatou que, no último sábado, nada menos que 1.979 perderam as casas, em
comparação com 406 no dia anterior. Já na Bahia, as chuvas afetaram quase 70
mil pessoas, deixando 3.700 desabrigadas e cerca de 175 feridas, também segundo
números da Defesa Civil local.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet),
não há previsão de mais chuvas fortes até o meio desta semana. Porém, os
pesquisadores mantiveram o alerta vermelho de tempestades para o oeste, o sul,
o sudoeste, o norte e o noroeste, além do Vale São-Franciscano na Bahia. A
explicação para o alto índice pluviométrico que causou as enchentes é um
ciclone extratropical. No extremo sul da Bahia, as chuvas chegaram a gerar
450mm de água.
Atendimento
Embora as chuvas tenham diminuído, os governos de ambos
estados têm mantido o atendimento à população com equipes do Corpo de Bombeiros
Militar, Polícia Militar e da Defesa Civil. Em nota, o Governo de Minas afirmou
que a força-tarefa continua em campo, "buscando desobstruir as estradas e
restabelecer os acessos às comunidades afetadas". "De acordo com a
previsão meteorológica recebida do Cemaden, não há previsão de chuvas
significativas, para os próximos dois dias, na região do Vale do Jequitinhonha.
Os serviços essenciais de água e energia elétrica estão sendo restabelecidos em
todos os municípios. As cidades afetadas já não se encontram mais embaixo
d'água, o que facilita as ações de socorro e de atendimento às
comunidades", explicou o governo mineiro.
O governador de Minas, Romeu Zema, garantiu que a região está
sendo assistida por ajuda humanitária enviada pelas autoridades do estado
"com cestas básicas e kits de higiene, e limpeza e estamos com nossa
equipe no local". "Continuamos atentos para fazer tudo o que está ao
alcance do Estado para amenizar o sofrimento dessas pessoas. Avaliamos a
situação diariamente para atuar no que for necessário", concluiu.
O governador baiano Rui Costa também garantiu que as equipes
de resgate gerenciadas pelo governo estadual estão "na ativa",
distribuindo cestas básicas e itens de necessidade básica, transportando
pessoas isoladas e transferindo vítimas dos alagamentos para unidades de saúde.
Além disso, serão distribuídos kits com fogão, geladeira e colchões para
aqueles que perderam tudo.
Para permitir o acesso terrestre aos municípios, a
administração baiana também está desobstruindo vias e liberando estradas.
Segundo Costa, esse trabalho será ampliado à medida que o nível da água baixar
e o governo fará a reconstrução de pontes e estradas que foram danificadas.
Ajuda do Exército e R$ 5,8 milhões
O Ministério do Desenvolvimento Regional reconheceu a
situação de emergência dos municípios de Minas Gerais e da Bahia, em
decorrência de tempestades e chuvas intensas que acometeram as regiões. Por
causa disso, o governo federal autorizou o emprego de tropas do Exército no
resgate e realocação de pessoas desabrigadas pelas enchentes e inundações.
O governo já havia prometido R$ 5,8 milhões para os municípios
mais atingidos. O valor será destinado a sete municípios baianos: Eunápolis (R$
2,197 milhões), Itamaraju (R$ 1,862 milhão), Jucuruçu (R$ 543,725 mil), Ibicuí
(R$ 433,954 mil), Ruy Barbosa (R$ 260,160 mil), Maragogipe (R$ 503,885 mil) e
Itaberaba (R$ 51,4 mil).
Além disso, a Caixa Econômica anunciou que vai liberar o
saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para os moradores da
região, após a formalização do estado de calamidade pelos governos mineiro e
baiano.
Na Bahia, o governador Rui Costa assegurou que, para os
moradores de casas que foram destruídas, serão construídas novas, em locais
mais elevados e seguros, por meio de parceria com os Municípios. "Esta
medida constará em um projeto de Lei que estamos enviando para a Assembleia
Legislativa", afirmou. Ele também disse que para os comércios que sofreram
com os alagamentos, será aberta uma linha de crédito de até R$ 150 mil, sem
juros, com carência de 12 meses, para pagamento em até 36 meses.
Medidas
O governo baiano afirmou, também, que vai enviar para a
Assembleia projeto de lei que vai estabelecer a tarifa social da Empresa Baiana
de Águas e Saneamento (Embasa), neste mês, para todos os imóveis das ruas que
foram alagadas, sejam eles residenciais ou empresariais. Assim, será feita a
cobrança da tarifa mínima na conta destes imóveis.
Em Minas, o governo estadual antecipou repasses de até R$ 5,63
milhões para as prefeituras atingidas pelas chuvas no estado. O dinheiro vem do
adiantamento do Piso Mineiro de Assistência Social, um recurso de
cofinanciamento estadual e benefícios socioassistenciais.
"Este recurso é exatamente para benefícios eventuais,
como aquisição de cestas básicas e pagamento de aluguel social, por exemplo.
Além desse adiantamento, a equipe da Sedese (Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Social) está dando apoio técnico aos gestores municipais para
levantar e cadastrar todas as famílias que ficaram desalojadas", destacou
a secretária de Estado de Desenvolvimento Social, Elizabeth Jucá.
Por: Correio Braziliense