Quarta-feira, 15 de junho de 2022
Câncer
colorretal: estudo com droga aprovada pela Anvisa tem resultado inédito ao
eliminar tumor em 100% dos casos. “Durante o período médio de 12 meses, nenhum
paciente recebeu quimiorradioterapia e nenhum paciente foi submetido à
ressecção cirúrgica”Uma droga já aprovada pela
Anvisa surpreendeu a comunidade científica ao fazer desaparecer o câncer
colorretal em 100% dos pacientes submetidos ao tratamento. O teste que validou
a surpreendente pesquisa partiu de um pequeno grupo de 12 pacientes com câncer
retal. Neles, os pesquisadores aplicaram localmente um anticorpo monoclonal
chamado dostarlimab, que levou ao desfecho animador, e que foi sustentado por
mais de um ano.
O estudo foi publicado no periódico New England Journal of
Medicine no domingo, 5, e debatido por oncologistas durante o evento anual da
Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês), que se
encerrou na terça-feira, 7. Após o tratamento, exames como ressonância
magnética, avaliação endoscópica, toque retal ou biópsia não apontaram
evidências da presença de tumor.
Os pacientes tomaram o
medicamento por meio intravenoso a cada três semanas por seis meses. “Durante o
período médio de acompanhamento de 12 meses, nenhum paciente recebeu
quimiorradioterapia e nenhum paciente foi submetido à ressecção cirúrgica”, diz
trecho do estudo.
Em entrevista ao The New York Times, o oncologista Luiz Diaz
Jr., um dos autores do trabalho, afirma que a taxa de sucesso da pesquisa
norte-americana não é comum, e talvez seja a primeira vez que algo do gênero é
registrado em toda a história de estudos contra o câncer.
“Acho que ninguém viu isso antes, onde todos os pacientes
tiveram o tumor desaparecer”, relatou a oncologista do Memorial Sloan Kettering
Cancer Center, em Nova York e principal autora do estudo, Andrea Cercek.
O dostarlimab é aprovado no Brasil para tratar câncer de
endométrio, e não tinha sido testado contra outros tipos de tumores até então.
Apesar de promissor, o estudo possui algumas ressalvas, como a necessidade de
fazer um acompanhamento a longo prazo para saber se os tumores não ressurgirão
ou se não aparecerão metástases em outras partes do corpo.
Vale também destacar que todos os voluntários carregavam uma
anormalidade específica em seu câncer retal, popular como ‘deficiência de
reparo de incompatibilidade’, que impede a função do corpo de normalizar e
resulta em mutações celulares. Este tipo de anormalidade acontece entre 5 e 10%
de todos os pacientes de câncer retal.
Os pacientes com câncer retal possuem uma alta taxa de
sobrevivência, mas o tratamento convencional pode deixar sequelas para toda a
vida. São exemplos de sequelas: disfunção do intestino e da bexiga, disfunção
sexual e até infertilidade em mulheres mais jovens. Alguns pacientes ainda
podem ter que usar uma bolsa de colostomia permanentemente.
Por: ExpressoPB com
Pragmatismo Político