Quarta-feira, 20 de julho-07 de 2022
Matéria do Portal Folhapress
Foto: Reprodução/ TV Globo
ROSÁLIA VASCONCELOS RECIFE, PE (UOL/FOLHAPRESS) – Um jovem de 23 anos foi preso após confessar à
polícia envolvimento na morte do pai, da mãe e da irmã. O triplo homicídio
aconteceu na tarde do último domingo (17) no município de Carpina, localizado
na Zona da Mata Norte pernambucana, a 45 km do Recife. Mas só nesta
segunda-feira (18) os corpos da família foram encontrados, carbonizados, dentro
de um carro, no município vizinho, Nazaré da Mata.
Os corpos de Manoel Ferreira da
Cunha, 49, Marcilene Maria Medeiros da Cunha, 56, e Thaynara Emanuelly Medeiros
da Cunha, 18, estavam em uma estrada vicinal do Engenho Alcaparra. Eles foram
mortos com golpes de faca e marreta.
Em depoimento à Polícia Civil
de Pernambuco, Thallys Emanoel Medeiros da Cunha confessou que teria contratado
uma pessoa para simular um assalto à casa da família, localizada no bairro do
Cajá. Ele pretendia vender os bens dos pais para pagar uma dívida a um agiota.
A pessoa contratada, que não
teve o nome divulgado, teria chegado ao local na tarde do domingo com outros
quatro homens encapuzados. Durante a ação, o investigado teria levado o pai
para um dos quartos da casa com a ajuda de um dos criminosos. Manoel Ferreira
teria reagido à ação e acabou morto após uma marretada na cabeça e várias
facadas.
Os outros homens, que estavam
com a mãe e a irmã de Thallys na garagem do imóvel, também as mataram. Segundo
os vizinhos, não houve barulho de tiros no local.
Após a execução, o grupo colocou
os três corpos no carro da família, dirigiram até o engenho em Nazaré da Mata e
incendiaram o veículo, na tentativa de dificultar o acesso a provas e a
identificação dos corpos.
O advogado de Thallys, Clevison
Bezerra, confirmou à reportagem a versão dele à polícia, mas reforçou que não
foi o rapaz que executou a família. Segundo o defensor, ele teria apenas
contratado uma pessoa para realizar o roubo.
“Inicialmente, a ideia de
Thallys não era matar a família. Foi uma reação de Manoel Ferreira que desencadeou
o triplo homicídio”, contou.
Clevison não soube informar se
a dívida de Thallys, de cerca de R$ 2,4 mil, estaria relacionada a drogas ou se
ele estaria recebendo ameaças do agiota.
“Ainda não tive acesso a todas
as informações do inquérito. Na próxima quinta (21), irei até o presídio
conversar melhor com ele e traçar as estratégias de defesa”, afirmou o
advogado.
Em nota, a Polícia Civil contou
que, após ser acionada por populares que localizaram o carro incendiado,
avisaram a Polícia Militar, o Instituto de Criminalística e o IML para isolar a
área, fazer a perícia no local e identificar os corpos.
Com a placa do veículo em mãos,
os policiais conseguiram chegar às informações sobre as vítimas, inclusive o
endereço da residência. Após autorização de um parente das vítimas, os
policiais acessaram o interior da casa, onde estava Thallys. Foram encontrados
lençóis e roupas queimadas, além de manchas de sangue.
Neste momento, os agentes
passaram a desconfiar do rapaz de 23 anos. Ele foi levado ao local onde estava
o carro e, em seguida, foi preso em flagrante delito ainda na noite desta
segunda (18).
A polícia não chegou a informar
se o suposto grupo que teria participado do crime foi identificado ou preso. A
investigação tenta confirmar a motivação do crime e também se não teria sido o
próprio suspeito o executor de seus familiares.
“As investigações seguem e mais
informações não podem ser repassadas no momento para não atrapalhar o curso das
diligências”, informou a corporação em nota oficial. O caso está sob a
coordenação do delegado Pedro Leite da Silva Neto. Por enquanto, o investigado
deve responder pelo crime de latrocínio, roubo seguido de morte.
Em nota, o Tribunal de Justiça
de Pernambuco informou que, após audiência de custódia realizada pela Central
de Audiências de Custódia de Nazaré da Mata, nesta terça-feira (19), Thallys
Emanoel Medeiros da Cunha teve a prisão em flagrante convertida em prisão
preventiva.
Ele foi encaminhado à
Penitenciária Doutor Ênio Pessoa Guerra, localizada em Limoeiro, também na Zona
da Mata Norte do Estado.
No documento da decisão, o juiz
Marcelo Marques Cabral entendeu que existe “prova da materialidade do delito e
os indícios suficientes de autoria pressupostos para a conversão da prisão em
flagrante em prisão preventiva”. Disse ainda que o crime é considerado doloso,
com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos, mesmo que o
acusado não tenha antecedentes criminais.
“O crime supostamente cometido
pelo preso assim o foi com violência extrema contra a pessoa humana, aliás,
contra os dois ascendentes e uma irmã do ora autuado, o que não pode ser
minimizado neste momento”, justificou o magistrado na sentença.
Por: Folhapress