GORDURA SATURADA NÃO LEVA A DOENÇAS CARDÍACAS, DIZ ESTUDO
Quinta, 20 de Março de 2014
A publicação de uma série de estudos nos últimos anos deu origem à ideia de que a gordura saturada, encontrada na carne vermelha, na manteiga e no queijo, por exemplo, aumenta o risco de doença cardíaca. Ao mesmo tempo, essas pesquisas concluíram que a gordura insaturada, como o ômega-3 presente em peixes, oleaginosas e no azeite, reduz essas chances. Por isso, é comum a recomendação de que devemos substituir, sempre que possível, o consumo da gordura “ruim” pelo da gordura “boa” como forma de proteger o coração.
Um extenso estudo divulgado nesta terça-feira questiona essa orientação. A pesquisa não encontrou evidências significativas de que consumir mais gordura saturada aumenta as chances de um problema cardíaco. Além disso, o estudo observou que pessoas que fazem uso de suplementos de ômega-3 não têm menos doenças do coração do que as outras.
A nova pesquisa, realizada na Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, revisou 76 pesquisas sobre o assunto — sendo que 17 delas analisaram os níveis de ômega-3 no sangue dos participantes e 27 acompanharam de perto indivíduos que passaram a fazer uso de suplementos dessa gordura. Ao todo, os estudos revisados envolveram mais de 600.000 pessoas. Os resultados foram divulgados no periódico Annals of Internal Medicine.
"Minha opinião é que não é com a gordura saturada que nós devemos nos preocupar na nossa alimentação", diz Rajiv Chowdhury, epidemiologista cardiovascular da Universidade Cambridge e coordenador do estudo.
Cautela — A comunidade científica, porém, recebeu a pesquisa com ressalvas. Os especialistas alertam que o estudo não dá sinal verde para o consumo desenfreado de gordura saturada e nem quer dizer que o hambúrguer é tão saudável quanto o salmão. Isso porque as pesquisas revisadas não compararam diretamente os efeitos da gordura saturada com os da insaturada nas mesmas pessoas ao longo de um longo período. Ou seja, evidências consistentes ainda são necessárias para compreender de que forma a alimentação impacta o risco de doenças cardíacas.
Frank Hu, professor de nutrição da Universidade Harvard e um dos principais pesquisadores sobre alimentação no mundo, disse ao jornal americano The New York Times que as pessoas não devem avaliar o consumo de determinados nutrientes como algo isolado. Isso porque um indivíduo, ao retirar a gordura saturada da dieta, por exemplo, pode acabar consumindo mais pães, massas e outros carboidratos refinados, o que, em exagero, também faz mal ao coração. "Acredito que no futuro as recomendações alimentares darão mais ênfase à comida real em vez de simplesmente impor limites ou proibir a ingestão de certos nutrientes", afirmou.
Pesquisadores descobriram um novo benefício do tomate. O fruto está sendo usado como matéria-prima para a fabricação de um suplemento alimentar chamado Ateronon, que ajuda a prevenir doenças cardiovasculares. As pílulas, vendidas na Inglaterra, são feitas a base de licopeno, substância responsável pela cor avermelhada do tomate e de propriedades antioxidantes, ou seja, capazes de retardar o envelhecimento celular. Segundo os pesquisadores, o Ateronon pode melhorar a função das células do endotélio (camada interna dos vasos sanguíneos) em até 50%, aumentando a flexibilidade dos vasos.
Além de reforçar a ideia de que reduzir o consumo de sódio evita problemas cardíacos, uma série de estudos publicados no site da revista "British Medical Journal" revelou que ingerir maiores quantidades de potássio propicia o mesmo benefício. Uma alta ingestão do nutriente — encontrado principalmente em frutas, legumes e verduras frescas — pode diminuir em até 24% o risco de um acidente vascular cerebral (AVC). Já o consumo de sal, sugere a pesquisa, deve ser de no máximo 3 gramas por dia, menos do que os 5 gramas recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Fonte: Revista Veja
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