Quarta-feira, 29 de Abril de 2015
O ator, diretor
de teatro e apresentador Antonio Abujamra morreu na manhã desta terça-feira,
aos 82 anos. A morte foi confirmada pela TV Cultura, canal onde ele apresentava
o programa “Provocações”. Abujamra morreu dormindo e o corpo encontrado na casa
onde morava morava, em São Paulo. Ainda não há informações sobre a causa da
morte, bem como detalhes sobre velório e sepultamento.
O cineasta Samir
Abujamra, sobrinho de Antonio, lamentou a perda em mensagem publicada no
Facebook. “Morreu meu ídolo, meu segundo pai, o homem que me fez ser artista.
Tio Tó, Antonio Abujamra”.
Desde 2000, o
Abujamra apresentava o programa de entrevistas “Provocações”, na TV Cultura. O
último episódio foi ao ar na última terça-feira, com o humorista Eduardo
Sterblitch como entrevistado.
Nascido em
Ourinhos, no interior de São Paulo, em 1932, ano em que a Revolução
Constitucionalista tomou o estado, Abujamra era um artista de muitas facetas,
se desdobrando em autor, iluminador, tradutor, ator, diretor teatral e
apresentador. Era reconhecido por ser pioneiro a introduzir no Brasil os
métodos teatrais de mestres como Bertolt Brecht e Roger Planchon, com quem
estudou.
Formado em
filosofia e jornalismo, começou a carreira na plateia, como crítica teatral.
Mas, ainda na faculdade, experimentou os ofícios da atuação e da direção. Já no
começo, montou “O marinheiro”, de Fernando Pessoa, “O caso das petúnias”, de
Tennessee Williams e “A cantora careca” e “A lição”, de Eugène Ionesco, entre
outros.
Mais conhecido
como Abu, destacou-se no início dos anos 1960, inserido no panorama teatral
paulistano. Na época, estava voltando ao Brasil após passar um período
estudando teatro na Europa – passou por Madri, Paris e Berlim -, cheio de
projetos. Sua estreia como diretor profissional foi com “Raízes”, de Arnold
Wesker, no Teatro Cacilda Becker.
Mais conhecido como Abu, destacou-se no início dos anos 1960, inserido no
panorama teatral paulistano. Na época, estava voltando ao Brasil após passar um
período estudando teatro na Europa – passou por Madri, Paris e Berlim, onde
estagiou na Berliner Ensemble, a companhia criada por Bertolt Brecht -, cheio
de projetos. Sua estreia como diretor profissional foi com “Raízes”, de Arnold
Wesker, no Teatro Cacilda Becker.
Ainda naquela
década, à frente do Grupo Decisão, Abujamra buscou uma linha muito pessoal na
direção, e seu grupo apresentou uma série de espetáculos provocantes, a maioria
de cunho político. Ele foi o primeiro a trazer para o Brasil as obras de Harold
Pinter, com “O encarregado” e Arnold Wesker, com “Raizes”, este montado com
Cacilda Becker, a maior atriz da época, que ouvira falar do talento do novo
diretor.
Embora
continuasse com base em São Paulo, também fincou raízes no Rio. Dirigiu a
famosa montagem de “Antígona”, com Glauce Rocha, que provocou um dos
incontáveis conflitos com a censura nos anos da ditadura. Também sofreu com a
proibição de, entre outras peças, “O berço do herói” (base da novela “Roque
Santeiro”), de Dias Gomes, em 1965, e “Abajur lilás”, de Plínio Marcos, em
1975.
Em 2012, Nicette Bruno, dirigida por ele nada menos de 14 vezes ao lado do
marido Paulo Goulart, exaltou o trabalho de Abujamra na ocasião de seus 80
anos. “É uma das figuras mais importantes do teatro moderno brasileiro. São
impressionantes sua cultura e sua criatividade. Cada trabalho que fazíamos
juntos era como se fosse a primeira vez, porque ele propunha exercícios muito
diferentes”.
Apesar de nunca
abandonar os palcos, passou a trabalhar com televisão desde cedo. Apresentava
desde 2000 o programa “Provocações”, exibido sempre às terças, na TV Cultura,
que foi seu principal lar nas telas.
Sua estreia como
ator profissional veio só quando já era cinquentenário, encarando um espetáculo
solo, “O contrabaixo”, que apresentou por oito anos ininterruptos. Na TV, além
de ser apresentador, ficou conhecido do grande público ao interpretar o mágico
Ravengar na novela “Que rei sou eu?”, da TV Globo, no fim dos anos 1980.
Uma das grandes
fases da carreira do diretor Antonio Abujamra se deu nos anos 1990, quando ele
esteve à frente do grupo Os Fodidos Privilegiados, no Rio. Poucas vezes tivera
tanto reconhecimento de público e crítica.
Abujamra deixa
três filhos, o músico André e as atrizes Clarisse e Iara.
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