Terça-feira, 17 de Novembro de 2015
O Ministério da Saúde
informou nesta terça-feira (17) que a epidemia de contaminação por zika vírus
registrada no primeiro semestre é a "principal hipótese" para
explicar o aumento dos casos de microcefalia na região Nordeste. Boletim
epidemiológico com dados reunidos até esta segunda (16) aponta a ocorrência de
399 casos em 2015, em sete estados.
Primeiro estado a
identificar o aumento nos casos, Pernambuco registra o maior número de
ocorrências até o momento e tem 268 bebês nascidos com microcefalia em 2015.
Também foram registrados 44 casos em Sergipe, 39 no Rio Grande do Norte, 21 na
Paraíba, 10 no Piauí, 9 no Ceará e 8 na Bahia.
O ministério afirma
que ainda não recebeu dados de outras unidades da federação que apontem uma
escalada de microcefalia em recém-nascidos, embora outros estados também tenham
registrado casos de zika vírus. Nesta terça, a pasta enviou orientações a todas
as secretarias estaduais de saúde sobre o processo de notificação, vigilância e
assistência às gestantes.
A relação entre o zika vírus e a má-formação genética ganhou força
porque o micro-organismo foi identificado em duas gestantes da Paraíba. Elas
apresentaram sintomas da infecção durante a gravidez e carregam bebês com
microcefalia confirmada. Exames laboratoriais encontraram o vírus no líquido
amniótico, que envolve o bebê na gestação.
"Vocês podem perguntar se isso fecha a correlação entre as duas
coisas, e minha resposta é: 'quase'. Estamos sendo bastantes cautelosos, mas
não se encontrou nenhuma outra causa até o momento. Tivemos uma circulação
importante do vírus no Brasil no primeiro semestre, coisa que aconteceu pela
primeira vez na nossa história", declarou o diretor do Departamento de
Vigilância de Doenças Transmissíveis do ministério, Cláudio Maierovitch.
Relação
inédita
Maierovitch disse que a relação entre o vírus zika e a má-formação
genética "é inédita no mundo" e não consta na literatura científica
até o momento. "Nossos cientistas, cientistas do mundo que se
interessarem, devem nos ajudar a provar essa causa e efeito."
Apesar disso, o
Ministério da Saúde não trabalha com a hipótese de que o vírus zika em
circulação no Brasil tenha sofrido mutação e se tornado mais perigoso.
"O zika foi
identificado em pouquíssimas partes do mundo. Foi no Brasil e no primeiro
semestre que ele circulou com mais intensidade. Essas consequências 'novas'
podem não ter sido identificadas antes porque a circulação ocorreu em áreas
limitadas", afirmou o diretor.
G1