Domingo, 07 de Novembro de 2015
Em uma semana, quase 180 mil pessoas foram
afetadas por interrupções no fornecimento de energia provocadas pelas queimadas
ilegais em canaviais na região Leste da Paraíba. As cinco ocorrências,
registradas pela Energisa, atingiram clientes nos municípios de Caaporã,
Pitimbú, Acaú, Alhandra, Conde, Sapé, Caldas Brandão, Sobrado, Cruz do Espírito
Santo, Cuité de Mamanguape, Marí, Lagoa, Riachão do Poço, Jacaraú, Curral de
Cima, Lagoa de Dentro, Pedro Régis e Timbó.
Com a colheita em curso, aumenta o número de casos de danos
na rede elétrica causados pelas chamas. A média de desligamentos nos últimos
quatro anos chega a 20 vezes, segundo o gerente do Departamento de Manutenção
da Transmissão da Energisa, Tércius Cassius Melo de Morais, causando
transtornos à população paraibana.
O maior problema é o descumprimento ao Decreto Estadual
24.419, de setembro de 2003, que proíbe o uso de fogo em áreas próximas à rede
elétrica, numa faixa de segurança de 15 metros da rede elétrica. “Para as
linhas de transmissão, a faixa é de, no mínimo, 6 metros que, somados aos 15
metros do Decreto Estadual, totalizam 21 metros para ambos os lados do eixo da
linha de transmissão. Quando esses limites não são respeitados, o calor afeta a
composição do ar, provocando curtos circuitos entre os condutores e até mesmo
entre os condutores e os postes”, explica Tércius.
A suspensão no abastecimento de energia impacta toda a
comunidade, inclusive escolas, lojas comerciais, hospitais, bancos. Nas
indústrias de grande porte, a suspensão paralisa a linha de produção e, no
retorno do fornecimento, as sobretensões podem queimar equipamentos. As linhas
de transmissão/distribuição também são afetadas, com redução da vida útil dos
componentes.
A Energisa mapeou os 186 km de áreas plantadas com cana de
açúcar sob as linhas de transmissão que impõe risco de interrupção ao
fornecimento de energia elétrica e calcula que 450 mil pessoas estão sujeitas à
suspensão no abastecimento por causa das queimadas ilegais nos canaviais. A
grande maioria das queimadas que atingem a rede elétrica ocorre durante o dia
e, portanto, é causada de forma indevida e irresponsável por terceiros. As
usinas e os fornecedores de cana só realizam a queima controlada no período
noturno.
Para minimizar os danos, a Energisa adotou várias ações ao
longo dos anos, como palestras educativas nas comunidades próximas às
plantações, campanhas publicitárias e de incentivo a denúncias de
descumprimento do Decreto 24.419 junto à SUDEMA. Em 2015, a Energisa firmou
parceria com a Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba e o Sindicato da
Indústria do Álcool do Estado da Paraíba para, dentre outras medidas, antecipar
o corte da cana situada abaixo da linha de transmissão e o intensificar o
trabalho de conscientização nas comunidades. Em novembro, uma nova campanha
será veiculada nas emissoras de rádio da região, alertando para a ilegalidade
da prática e para os riscos às comunidades.
Redação do PBAgora com
assessoria