Sexta-feira, 27 de Novembro de 2015
O papa
Francisco denunciou hoje (26) a radicalização dos jovens em “ataques bárbaros”.
Em Nairobi, na primeira etapa de sua viagem a África, ele também condenou toda
a violência feita em nome de Deus.
“O nome de Deus não pode
justificar o ódio e a violência”, disse ele para dirigentes religiosos
quenianos – muçulmanos, protestantes e anglicanos –, denunciando o fato de
“jovens terem se radicalizado em nome da religião, para cometer ataques
bárbaros”, disse Francisco, que citou os massacres do Westgate Mall, de Garissa
e de Mandera.
Os exemplos citados referem-se
aos quatro atentados mais graves ocorridos no Quênia nos últimos dois anos,
todos atribuídos ou reivindicados pelo grupo jihadista somali Al Shabab, que
contesta o destacamento de tropas quenianas no território da Somália: o ataque
ao comercial de Westgate (67 mortos), os dois na povoação de Mandera (64
mortos) e o da Universidade de Garissa (148 mortos).
“Os jovens se radicalizam com
muita frequência, em nome da religião, para semear a discórdia e o medo”,
lamentou o papa.
Para ele, a relação entre
diferentes crenças “impõe desafios e interrogações”. No entanto, o diálogo
ecumênico e inter-religioso “não é um luxo”, mas sim “algo fundamental de que o
mundo “necessita cada vez mais”.
“Num mundo cada vez mais
interdependente, vemos sempre, com maior clareza, a necessidade de compreensão
mútua inter-religiosa, de amizade e colaboração para a defesa da dignidade” e o
direito dos povos a “viver em liberdade e felicidade”, argumentou.
Ele lembrou que neste ano se
celebra o 50º aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II, em que a Igreja
católica se comprometeu com o diálogo ecumênico e inter-religioso ao serviço da
compreensão e da amizade.
Depois do encontro, o papa vai
oficiar uma missa na Universidade de Nairobi, o evento mais esperado do
pontífice no Quênia.
A missa deve reunir dezenas de
milhares de pessoas no interior e nos arredores da universidade.
Hoje à tarde, ele se reúne com
religiosos e seminaristas, antes de discursar na sede do programa da
Organização das Nações Unidas (ONU) para o Ambiente e ONU-Habitat, uma
intervenção muito esperada e que ocorre alguns dias antes do início da conferência
sobre alterações climáticas em Paris (COP21).
O papa chegou na tarde de
quarta-feira à capital do Quênia, para sua primeira visita ao continente
africano que
também vai incluir Uganda e República Centro-Africana, país que enfrenta uma
onda de violência religiosa e sectária.
Francisco, que realiza a 11ª
visita internacional, é o quarto pontífice a viajar para o continente africano
depois de Paulo VI, João Paulo II – que visitou 42 países africanos – e Bento
XVI.
Agência
Brasil