Sábado, 23 de Janeiro de 2016.
Esta coluna foi extraída do Portal Nordeste 1 de Guarabira/PB. E o colunista é o Pastor Antônio Júnior da 1ª Igreja Congregacional em Guarabira – PB
Pastor Antônio Júnior
“Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas
profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o
que deseja o meu povo. Porém, que fareis quando estas coisas chegarem ao seu
fim?” Jeremias 5.30-31. (grifo nosso) Leia ainda Jeremias 23.9-33; 28.1-4;
Ezequiel 13 e 14.
Você já ouviu falar de Hans Christian Andersen (1805 – 1875), autor de
inúmeros contos infanto-juvenis? Não? Ele escreveu “A Roupa Nova do Imperador”,
você lembra dessa história? Não? Tudo bem, eu sei que faz tempo que você deixou
de ler histórias infantis. Vou tentar refrescar a sua memória. A história é
mais ou menos esta:
Há muitos anos havia um Imperador que era apaixonado por roupas novas e
gastava todo o dinheiro que possuía com elas. Tinha um traje para cada hora do
dia. Certo dia, chegaram em sua província dois vigaristas. Fingiram-se de
tecelões e disseram que possuíam um tecido especial. Esse tecido possuía a
qualidade de ser invisível a todos que não seriam capazes de exercer as suas
funções. Como também, distinguia os tolos dos inteligentes. Logo, o imperador
entregou-lhes muitas sedas e ouro para a confecção do traje. Os vigaristas
guardavam todo o material e sempre pediam mais ao monarca. No entanto, nem um
só fio era colocado no tear, embora eles fingissem continuar trabalhando
apressadamente. O Imperador mandou súditos para examinarem a roupa, e ele,
embora não vendo nada, temiam relatar o que estava acontecendo, para não serem
tachados de tolos e incapaz de exercerem as suas funções. Sempre diziam: “Que
traje maravilhoso, é de uma beleza fenomenal”. Quando ficou pronta o imperador
foi participar de um cortejo onde queria exibir sua mais nova roupa – já que em
toda a província a fama do suposto tecido havia se espalhado. De repente, alguém
grita: “O imperador está sem roupa”! Houve o maior frisson no império. Só aí o
monarca percebeu o quão tolo havia sido.
Mas o que isso tem a ver com a igreja brasileira? Há muito que aprender
com esse conto.
Muitas das inovações no seio da eclesiologia brasileira não
passam de histórias fantasiosas. Seria até cômica se não fossem trágicas. Há
muitas heresias e “espiritualismo” travestido de roupa nova. Vigaristas da fé
estão espalhados aos borbotões. Pessoas, até mesmo sinceras, dizem estar vendo
algo que não existe. Prega-se uma “espiritualidade sensitiva”, onde o sentir é
mais importante que o saber. Isso é espantoso, é horrendo. Jó disse: “bem sei
eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. – 42.2.
Bem sei (hb yada‘), ou seja, conhecer por experiência, perceber, ver, descobrir
e discernir. Infelizmente, os cristãos, hoje, não querem saber, querem sentir.
Muitos, a semelhança dos súditos, continuam dizendo: “Que traje maravilhoso, é
de uma beleza fenomenal”. O povo quer espetáculo? Vamos dá espetáculo! Como nos
diria Jeremias: “… profetizam falsamente”. Prometem o que não podem cumprir.
Precisamos usar de honestidade ministerial. As tentações para
transformar o nosso culto em “roupas novas” são muitas. Afinal, “… é o que
deseja o meu povo”; diz o Senhor. Precisamos parar de ver espiritualidade onde,
na realidade, só há carnalidade e culto narcisista. Homens pavoneando-se e
recebendo a glória humana não faltam por aí. Deus é o único que merece toda a
nossa honra, glória, louvor e adoração.
Quando Ele mandar, falemos, mas, se não mandar, é melhor ficar calado,
pois seria muito perigoso desobedecer ao Senhor. Lembrem-se, somos embaixadores
e como tal não podemos falar o que não nos foi ordenado – 2Co 5.20. Prefiro ser
sincero com Deus e com as pessoas ao invés de “ver” o que os “sábios” e
“inteligentes” querem. Não proclamemos o que Deus não mandou. “Disse-lhes
Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por
isso o vosso pecado permanece”. – Jo 9.41. Leia a Palavra de Deus e não fique
por aí procurando “ver” o que não existe. “Conhecereis a Verdade e a Verdade
vos libertará”, disse Jesus em João 8.32. Finalmente, o Senhor nos alerta: “…
que fareis quando estas coisas chegarem ao seu fim?” Sola Gratia!
Pr. Antônio Pereira Jr.
(1ª Igreja Congregacional em Guarabira – PB).
E-mail: oapologista@yahoo.com.br