Domingo, 10 de Janeiro de 2016.
Tradicional aliada do
PT, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) também fez críticas à declaração da
presidente.
Presidente Dilma Rousseff
As três maiores centrais sindicais do país se
manifestaram contra um possível aumento da idade mínima para aposentadoria. As
críticas ao governo falam em “indignação” e consideram a proposta do governo
federal "inaceitável”. Nessa quinta (7), em café da manhã com jornalistas,
a presidente Dilma Rousseff sinalizou essa possibilidade ao falar da reforma
previdenciária.
“Vamos ter que encarar a reforma da
Previdência. Não é possível que a idade média de aposentadoria no Brasil seja
55 anos. Para a mulher, um pouco menos. Não é possível por uma questão
quantitativa. Vai ter menos gente trabalhando no futuro para sustentar mais
gente sem trabalhar: os mais velhos que vão ter uma longevidade maior e os mais
novos, que estão nascendo”, afirmou a presidente.
A Força
Sindical divulgou nota nessa sexta (8) se manifestando “totalmente contrária” à
elevação da idade mínima para aposentadoria. “Causa indignação a declaração da
presidente de que não é possível a idade medida para efeito de aposentadoria
ser de 55 anos. […] Não vamos aceitar que, mais uma vez, para corrigir seus
próprios erros, o governo faça uma reforma nas costas do trabalhador."
A Força
também lembrou que qualquer decisão nesse sentido deve ser antes debatida no
Fórum Nacional de Previdência Social, criado em abril do ano passado, para que
o governo e representantes dos trabalhadores, aposentados e empregadores possam
discutir o tema.
Tradicional
aliada do PT, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) também fez críticas à
declaração de Dilma. A central lembrou a importância do fórum e disse que a
medida prejudicaria aqueles que começam a trabalhar muito cedo. “Para nós, esta
proposta é inaceitável porque prejudica quem ingressa cedo no mercado de
trabalho, ou seja, a maioria dos trabalhadores brasileiros”, disse, em nota,
também divulgada hoje.
Para a
CUT, o debate deve ser mais amplo. “Antes de discutir Previdência é preciso
discutir todo o sistema de seguridade social. A partir disso, buscar resolver
os problemas da Previdência, cujos principais são a sonegação, que deve ser
duramente combatida, e as isenções fiscais que recaem sobre ela”.
A União
Geral dos Trabalhadores (UGT) segue a mesma linha das outras centrais. “Cada
vez que se fala de ajuste fiscal ou reforma previdenciária, os trabalhadores
tremem, pois sabem que vai sobrar para eles”. Também lembrou daqueles que
começam a trabalhar aos 12, 14 ou 16 anos, e que precisariam “esquecer os
sonhos da aposentadoria” e se manter nos postos de trabalho por mais tempo.
“A bem da
verdade, entre 12 e 16 anos, os jovens deveriam estar na escola […] Certas ou
não, as políticas de Estado que se sucederam ao longo dos anos tentaram ter
esse norte, mas nem sempre os planos deram certo”, acrescentou a nota, assinada
pelo presidente da UGT, Ricardo Patah.
A
declaração de Dilma não foi bem recebida pelas centrais, mas ainda não há uma
decisão tomada sobre o assunto. No mesmo encontro, ela também afirmou que a
base dessas reformas é o diálogo com a sociedade. “Nós vamos levar essa
discussão a todos os setores. Por que isso? Porque a base para que uma reforma
de Previdência seja sustentável no Brasil é o diálogo”.
O
presidente da Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos
(Copab), Warley Gonçalles, lamentou que um aumento da idade mínima seja
considerado pela presidente. “Nós, da confederação somos contra essa questão da
idade mínima. Já estava de bom tamanho a fórmula 85/95 progressiva e, agora,
querem aumentar a idade mínima. Não é o aposentado que tem que pagar esse
rombo”.
Gonçalles
participou da primeira reunião do Fórum Nacional de Previdência Social. Ele
disse que as discussões ficaram para 2016. O ministro da Fazenda, Nelson
Barbosa, disse, em dezembro, quando assumiu a pasta, que pretende levar a
proposta de reforma da previdência ainda no primeiro semestre. Gonçalles
lembrou que, depois dos diálogos com os setores, a proposta ainda será debatida
no Congresso. “Esse vai ser um ano complicado”.
Por Agência Brasil