Domingo, 10 de Janeiro de 2016.
Jogador Juan
Quase
quatorze anos depois da despedida, Juan está de volta ao Flamengo. O zagueiro, contratado ainda no fim de
2015, foi o primeiro jogador a ser apresentado oficialmente neste sábado pelo
clube, após treino em Mangaratiba, onde o elenco faz a pré-temporada. A
cerimônia foi uma espécie de sessão nostalgia. Em tom misto de desabafo e de
satisfação ao torcedor rubro-negro que vai vê-lo de volta muitos anos depois, o
jogador explicou o baixo número de jogos em 2015 no Internacional. Juan
relativizou as 24 partidas - menos de 40% dos jogos do Colorado ano passado - e
atribuiu ao rodízio do técnico Diego Aguirre, às duas lesões que sofreu na
temporada passada e ao fato de ter perdido espaço no fim da temporada com Argel.
- Ano passado tive duas contusões. Números que dentro do
calendário são normais. Depois, quem acompanha o Inter sabe que o Aguirre fazia
rodízio. Depois que chegou o Argel, machuquei o (músculo) adutor, fiquei 20
dias fora, perdi espaço. O número baixo de jogos do ano passado se deve a isso,
mais pelo rodízio do que pela parte física. Claro que jogador acima de 35 anos
merece atenção especial. Sempre tive atenção especial. Nunca fui jogador muito
forte, mas nunca deixei de trabalhar com o grupo, sempre fiz o que todos fazem.
Isso no futebol brasileiro é um pouco de lenda. Todos se machucam. Calendário é
muito desgastante. Batem sempre na mesma tecla da idade, mas gosto de bater no
contexto: o que fazemos é sobre-humano - desabafou Juan.
Juan veste a camisa rubro-negra: zagueiro retorna ao Fla mais de 13 anos depois (Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)
Tímido,
veja um trecho da coletiva no acima, Juan mostrou a seriedade habitual que o
caracteriza em campo em pouco menos de 20 minutos de entrevista coletiva. Ele
vestiu a camisa 12 - em homenagem ao torcedor rubro-negro -, mas vai ser mesmo
número 4 - que estava vago com a saída de Samir. Revelado pelo Flamengo, ele
afirmou que muita coisa mudou no clube mais de uma década depois. E fez questão
de elogiar as últimas transformações, referindo-se à diretoria que o trouxe de
volta.
- O
futebol hoje pede isso. É um time que luta para vencer, tem DNA de clube
vencedor. (Os dirigentes) entenderam no clube que não basta só vencer, mas
ficar o maior tempo possível no topo. O Flamengo está se estruturando para
isso. Vamos dar resposta positiva dentro de campo para o colocar o Flamengo no
patamar de outros times - disse Juan.
Juan
fez 246 jogos pelo clube, do qual saiu em 2002 para jogar na Europa - defendeu
o Bayer Leverkusen-ALE e o Roma-ITA. Marcou 30 gols com a camisa rubro-negra e
conquistou títulos como o tricampeonato Carioca de 1999, 2000 e 2001 e a Copa
Mercosul de 1999. Ainda no fim do ano passado, com seu contrato expirando no
Internacional, chegou a um acordo para defender a equipe carioca e assinou
contrato até dezembro. Na apresentação, disse que dispensava a formalidade de
uma entrevista coletiva, o que é praxe na chegada de reforços.
- É
estranho ser apresentado. Particularmente, nem precisava de apresentação. Eu me
sinto em casa aqui. Metade da minha vida futebolística eu passei aqui. É
estranho ser apresentado ou reapresentado pelo seu clube de coração - disse o
defensor logo na primeira fala da entrevista com os jornalistas.
O
diretor de futebol do Flamengo, Rodrigo Caetano, reforçou a confiança no
futebol de Juan e deixou brecha para a renovação de contrato no fim da
temporada. O zagueiro do Flamengo completa 37 anos dia 1º de fevereiro.
- Por
questão de respeito, iniciamos as apresentações dos reforços pelo Juan. Tem
identificação grande, fez esforço de voltar ao clube e abdicou de outras
propostas. Além de o Flamengo desejar o retorno, foi um peso fundamental ele
querer voltar. É sinal do que gente quer em 2016: comprometimento,
profissionalismo - disse Caetano.
Para o
setor, o clube contratou Antônio Carlos, que veio do Avaí, e ainda tem no radar
dois zagueiros argentinos: Alejandro Donatti, do Rosario Central, e Luciano
Lollo, do Racing.
Outros
trechos da coletiva de apresentação de Juan:
Ser
capitão
Só um detalhe para mim. Nunca deixei de exercer liderança, mas nunca fui
capitão. Nunca deixei de exercer liderança técnica ou fora de campo. O Flamengo
tem jogadores capazes de liderar, não sou obcecado por isso. Se o Muricy
precisar, e os companheiros entenderem que é bom para o time, vou pegar. Se não
for, vou continuar a fazer o que sempre fiz.
Por que não voltou antes?
Entendo o lado do torcedor. Por muito tempo fui torcedor. Naquela época não
cheguei a um acordo, fiz de tudo, mas futebol tem dessas coisas. Nem sempre
jogadores que são criados e torcem conseguem voltar para o clube de origem.
Graças a Deus, continuei jogando em alto nível para voltar a vestir a camisa do
Flamengo.
Novo velho Juan
O nível
de jogo muda muito. Era um garoto, tinha 23 anos, depois rodei o mundo, joguei
em países com cultura de futebol totalmente diferente do Brasil, peguei um
pouco de cada país em que joguei. Volto mais velho, mais experiente, sem aquela
volúpia de antes, mas com o mesmo entusiasmo.
Zaga do Flamengo
As opções são boas. Temos experiência, temos o Wallace, que é jovem, mas
experiente, uma liderança positiva do grupo. Os jogadores são mais jovens.
Muita vontade de trabalhar, de jogar em alto nível. Sabemos sempre que a responsabilidade
é muito grande. As pessoas gostam de mim, mas também sofri muito. Comecei a
jogar muito cedo no profissional. Tem que evoluir, aprender. Temos um grande
treinador, boas opções na zaga. Futebol não é só zaga que toma gol, só defesa
que falha. Tem que procurar equilíbrio da equipe, continuar o que foi feito ano
passado para conseguir chegar mais longe.
Rafael
Dumas
Meio
caladão, pode ser essa a comparação comigo. Tem muita qualidade, espero que
consiga colocar tudo para fora, evoluir. Só assim vai poder atingir nível alto.
Globo
Esporte