Domingo, 28 de Fevereiro de 2016.
Adolescente conta que sofre bullying e já foi
xingado por causa da anomalia.
Ele foi vice-campeão de goalball no Jogos Brasileiros Escolares.
Ele foi vice-campeão de goalball no Jogos Brasileiros Escolares.
Davi Dias é albino e tem deficiência visual. Jovem pratica judô, futebol de cinco e goalball (Foto: Gustavo Xavier / G1)
Ele tinha vários motivos para ser introspectivo.
Diz que sofre preconceito desde que começou a frequentar lugares públicos, mas
preferiu tomar outra decisão. Davi Dias tem 17 anos, é albino e, por causa da
anomalia, tem deficiência visual. Atualmente, o jovem está no ensino médio
regular e pratica três esportes com os colegas do Instituto dos Cegos de Campina Grande.
O adolescente mora no bairro do Santa Rosa com a
mãe e mais três irmãos, mas apenas ele é albino. "Cresci ouvindo piadas,
tanto sobre o albinismo ou pela deficiência visual", diz. Davi começou a
frequentar o instituto quando tinha 10 anos. Ele tem 10% da visão do olho
direito e 20% no esquerdo.
"Foi no Instituto dos Cegos que eu passei a
enfrentar melhor essas coisas. Aqui se faz um trabalho muito bom que incentiva
os deficientes a fazerem atividades como qualquer pessoa. Foi assim que eu
decidi superar e viver minha vida. Às vezes eu ainda fico triste com algumas
coisas, mas sempre passa", conta.
Davi começou a estudar na entidade, onde aprendeu o
braile. Quando chegou ao 6º ano, ele foi encaminhado para o ensino regular na
Escola Estadual Senador Argemiro de Figueiredo, conhecido como Polivalente.
"No colégio eu passei por muito preconceito, sofri bullying, além de ser
xingado muitas vezes", lembra. O rapaz diz que, apesar das campanhas de
conscientização, esses casos ainda acontecem.
O adolescente pratica judô no Instituto dos Cegos de Campina Grande (Foto: Gustavo Xavier / G1)
O esporte foi uma válvula de escape para Davi. O
adolescente pratica judô, futebol de cinco e goalball, modalidade criada
exclusivamente para pessoas com deficiência visual, que consiste na marcação de
gols do arremesso de bolas que contém guizos dentro.
O jovem foi vice-campeão no esporte nos últimos
Jogos Brasileiros Escolares que ocorreram em Natal, no Rio Grande do Norte,
este ano. A equipe paraibana foi formada por jogadores de Campina Grande e João
Pessoa. "No futuro eu queria participar de paralimpíadas, representar não
só a Paraíba, mas o Brasil. Não custa nada sonhar, não é?", brinca.
Instituto dos
Cegos de Campina Grande
A entidade campinense existe desde 1952, quando foi
criada pelo professor José da Mata Bonfim. Segundo a atual presidente, Adenise
Queiroz, além das aulas regulares e do braile, os alunos fazem aula de música,
informática e atividades diárias. "Nossa proposta é que o nosso aluno
ganhe autonomia. Faça atividades em casa, como arrumar a cama ou
cozinhar", explica.
O instituto sobrevive de doações. De acordo com a
direção, várias pessoas se propõe a ajudar, inclusive se tornando sócios. A
entidade ainda tem um setor de telemarketing e conta com convênios com a
prefeitura de Campina Grande, que cede professores da rede municipal para dar
aula no local.
Instituto dos Cegos de
Campina Grande existe desde 1953 (Foto: Gustavo Xavier / G1)
Gustavo Xavier
Especial para o G1 PB