Sábado, 12 de Março de 2016.
A Associação Clara Campoamor, grupo feminista espanhol de apoio
a vítimas de violência de gênero, pediu ao Conselho Geral do Poder Judiciário
investigação de uma juíza que fez perguntas “totalmente ofensivas” a uma vítima
de estupro. De acordo com a organização, a magistrada questionou a uma mulher
que pedia ordem de restrição contra seu suposto agressor se ela havia “fechado
as pernas e todos seus órgãos femininos”.
De acordo com o
jornal espanhol “El Local”, a vítima, gravida de quatro meses, foi a uma
delegacia na cidade de Vitoria-Gasteiz, no País Basco, no dia 16 de fevereiro para
registrar queixa contra um homem que repetidamente abusava dela “sexualmente e
psicologicamente”. No dia seguinte, a mulher foi chamada para depor diante da
juíza.
“(A magistrada)
mostrou descrença óbvia no testemunho da vítima, a questionou sem deixá-la
responder, com perguntas conduzidas e ofensivas”, afirmou Blanca Estrella Ruiz,
presidente da Associação Clara Campoamor, em comunicado. “Claro exemplo dessa
atitude foi quando a juíza questionou repetidamente se a vítima tentou resistir
à agressão, se ela ‘fechou suas pernas firmemente’ ou se ‘fechou todos os seus
órgãos femininos”.
“Tais
questionamentos são não apenas desnecessários à investigação, mas completamente
ofensivos e violam a dignidade da vítima”, criticou Blanca.
De acordo com o
diário “El Mundo”, não é a primeira vez que essa juíza é acusada de
procedimentos polêmicos em casos de violência de gênero. Em uma oportunidade,
ela chegou a interrogar, ao mesmo tempo, a denunciante e o denunciado, criando
um ambiente de intimidação para a mulher.
Com O Globo