Quinta-feira, 17 de Março de 2016.
A empresa francesa
Biosantech e o cientista Erwann Loret, do Centro Nacional Francês de Pesquisa
Científica (CNRS), apresentaram nesta quarta-feira (16) resultados preliminares
de uma vacina experimental curativa contra o HIV - mostrando uma queda a níveis
indetectáveis de células infectadas pelo vírus em alguns pacientes.
"O principal
resultado deste teste é que temos um efeito da vacina em células infectadas
pelo HIV". "Nós ganhamos 70 anos de terapia tripla para os
pacientes", disse Erwann Loret, cujos trabalhos serão publicados na
revista "Retrovirology".
As terapias triplas,
que atualmente permitem que o sangue tenha uma carga viral indetectável, não
têm nenhum efeito, ou muito pouco, sobre o número de células infectadas, que
servem como reservatórios do vírus e provocam um aumento da carga viral logo
quando o tratamento é interrompido na maioria dos pacientes HIV positivos.
Num ensaio clínico
realizado em um hospital de Marselha com 48 pacientes, divididos em quatro
grupos (um grupo com placebo e três doses diferentes de vacina), nove pacientes
apresentaram um nível indetectável de células infectadas 12 meses mais tarde.
Preparada por Loret,
a vacina atua contra a proteína TAT, produzida pela célula infectada pelo HIV e
impede as defesas imunológicas de atacá-la. A molécula da vacina foi batizada
TAT Oyi, em referência a um paciente do Gabão naturalmente resistente ao HIV,
no qual se descobriu que esta proteína era capaz de gerar uma boa resposta
imunitária.
Outras investigações
podem ser realizadas em breve em vários hospitais em todo o mundo
De acordo Loret, uma
eventual cura da doença, sobre a qual se mostra prudente, só pode ser obtida
através da combinação da vacina às terapias triplas para obter não só uma carga
viral e um número de células infectadas não detectáveis , mas também uma
diminuição da resposta imunológica, o que significaria "retroseroconversão",
ou seja, um retorno à condição seronegatividade.
Esta
retroseroconversão foi observada em apenas um paciente no mundo, Timothy Brown,
chamado de "Paciente de Berlim". Na sequência de uma leucemia, Brown
passou por um enxerto de medula óssea, o que permitiu essa cura dificilmente
reproduzível.
G1

