Sexta-feira, 06 de maio de 2016.
“Não tem nada
a ver uma coisa com a outra. Nós recebemos uma denúncia da Câmara, ele era o
presidente. Nós seguimos rigorosamente o que consta na denúncia", disse
Raimundo Lira.
Raimundo Lira
A decisão desta quinta-feira (5) do Supremo Tribunal Federal de afastar o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de suas funções à frente da Casa e de
deputado federal não
causou receio no presidente da Comissão Especial do Impeachment no Senado,
Raimundo Lira (PMDB-PB), de que os atos do colegiado até aqui possam ser
anulados.
Mais cedo, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, voltou a defender
que o acatamento do impeachment por Cunha foi um ato de vingança que
caracteriza desvio de função, e disse que pretende acionar o STF para anular o
processo.
“Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Nós recebemos uma denúncia da
Câmara, ele era o presidente. Nós seguimos rigorosamente o que consta na
denúncia, o relatório, desde a primeira reunião defini que não entraria nenhum
outro assunto além daqueles que constam na denúncia da Câmara. O texto foi
feito com muito cuidado, com muita competência pelo senador [Antonio]
Anastasia, portanto não vejo nenhuma possibilidade de judicialização com a saída
de Eduardo Cunha”, disse.
Lira não quis comentar o afastamento de Cunha do ponto de vista pessoal, mas
diz acreditar que não houve ingerência do Poder Judiciário sobre o Legislativo.
“Nós temos uma Suprema Corte no país, temos que acreditar nela. No momento em
que nós comecemos a contestar decisões jurídicas, ou políticas, ou mistas
jurídicas e políticas, do Supremo Tribunal Federal, aí nós estamos com a nossa
democracia em perigo”, disse.
O relator do processo no Senado, Antonio Anastasia, também disse estar
confiante de que seu trabalho não será invalidado pela situação do presidente
da Câmara. “Na minha opinião, não. Por enquanto estou preso à votação do
relatório”.
Membro da base governista, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse que a
representação da Procuradoria-Geral da República pedindo o afastamento de Cunha
foi apresentado ao STF em dezembro do ano passado e que a decisão demorou para
ser tomada.
“A decisão veio agora, no meu entendimento num tempo superior ao
que deveria ter sido. Mas veio e eu acho positiva. Positiva porque você abre a
cortina para resolver um problema que o Brasil vivia, porque ninguém entendia
como que alguém sobre quem paira não só suspeitas, mas também provas
contundentes de que de fato se beneficiou de um grande esquema de corrupção,
enviou dinheiro para fora do país, mentiu perante seus colegas parlamentares,
como essa alguém se mantinha no poder até esse momento”.
Por Agência Brasil