Segunda-feira, 09 de maio de 2016.
Ex-presidente Lula
Depois de conversar
com inúmeros senadores e agentes políticos na semana passada, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva voltou de Brasília convicto de que “o jogo não acaba”
com a possível admissibilidade do processo pelo Senado e o consequente afastamento
da presidente Dilma Rousseff, na quarta-feira.
Lula tem dito a
interlocutores que, ao contrário das avaliações iniciais, o virtual início do
governo Michel Temer (PMDB) não vai significar a volta da estabilidade
política, como apregoam os aliados do vice-presidente, e que as turbulências
devem continuar até as eleições de 2018.
“Ele
tem convicção de que não vai parar por aqui. Aquela ideia que tentaram passar
de que a votação na Câmara representava uma nova hegemonia estável no Congresso
e no País e de que o jogo acabou não existe”, afirmou um interlocutor do
ex-presidente.
A
avaliação do petista está lastreada nas conversas que teve com senadores ao
longo da semana e em pesquisas quantitativas e qualitativas às quais teve
acesso. Segundo os levantamentos, houve uma mudança de percepção por parte da
população desde a votação na Câmara. Na Região Nordeste, o número de pessoas
contrárias ao impeachment hoje é maioria. No Sudeste, ainda predomina a defesa
do afastamento de Dilma, mas o volume de eleitores contrários ao processo
aumentou.
Lula
sabe que isso não será suficiente para mudar os votos dos senadores até
quarta-feira e admite que o afastamento de Dilma é inevitável, mas vê, hoje, um
quadro menos desfavorável ao PT, com possibilidades de recuperação até 2018,
quando deve voltar a ser candidato, e não descarta uma reviravolta na votação
do mérito dentro de até 180 dias.
Segundo
um aliado do ex-presidente, a situação melhorou, mas não existe um “entusiasmo”
por Dilma. “Se a situação econômica fosse melhor, haveria”, disse.
Estadão