Quarta-feira, 29 de junho de 2016.
Uso do preservativo é frequantemente negligenciado, segundo pesquisa com três mil pessoas ouvidas
Rio
- Receio de não satisfazer a parceira e temor de pegar uma doença
sexualmente transmissível. Essas são as maiores preocupações de homens e
mulheres, respectivamente, quando o assunto é sexo. Esse é o resultado da
pesquisa Mosaico 2.0, coordenada pela psiquiatra Carmita Abdo, do Programa de
Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria da Universidade de
São Paulo (USP), com apoio da farmacêutica Pfizer. Foram ouvidas três mil
pessoas — 1.530 homens e 1.470 mulheres —, com idade entre 18 e 70 anos,
divididas em cinco faixas etárias. Os participantes foram entrevistados em sete
regiões metropolitanas: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador,
Belém, Porto Alegre e Distrito Federal.
Pela pesquisa, 55% dos homens têm medo de não ter
uma boa performance na cama. Já entre as mulheres, 46% têm pânico de pegar uma
doença sexualmente transmissível (DST) — a segunda maior preocupação masculina.
O grande problema é que, apesar disso, o uso do preservativo – única forma de
prevenção – ainda é frequentemente negligenciado: apenas 28% dos participantes
afirmaram usar camisinha em todas as relações.
O levantamento, que é uma atualização da pesquisa
Mosaico Brasil, realizada em 2008, revelou ainda que 9% dos brasileiros entre
18 e 70 anos não fazem sexo: 7% são mulheres e 2% homens.
De acordo com a psiquiatra Carmita Abdo, a pesquisa apontou uma mudança
perceptível no comportamento das mulheres em comparação com 2008.
No levantamento atual, 57,1% das mulheres disseram
que fariam sexo com alguém só por atração, contra 43% em 2008. No caso dos
homens, 76,4% fizeram essa afirmação. Outra coisa curiosa observada na
pesquisa é o fato de “sono saudável” ganhar de “vida sexual satisfatória” para
as mulheres. Já para os homens, ter bom sexo é quase tão importante quanto se
alimentar.
No levantamento, a dificuldade na ereção foi
relatada por 32% dos homens. Enquanto o baixo desejo sexual foi admitido por
30,9% da população masculina do País e se apresenta de forma ainda mais forte
no Rio de Janeiro (34%) e em Porto Alegre (34%).
Entre as mulheres destacou-se também a dificuldade
para alcançar o orgasmo, condição que afeta quase metade das entrevistadas
(43%), de forma leve à grave, com predominância entre as mais jovens, de 18 a
40 anos. Em Belo Horizonte, por exemplo, a maioria da amostra, ou 51%, relata
que enfrenta esse problema.
Chamou a atenção ainda dos pesquisadores a
porcentagem de mulheres (40,3%) que relatam ter dor durante o ato sexual.
O DIA