Domingo, 07 de agosto de 2016
Foto: Pixabay
A
Sibéria está lidando com um apocalipse zumbi da vida real - e a culpa é do
aquecimento global. Um surto de antraz, uma bactéria rara que infecta animais e
seres humanos, apareceu na região de Yamal-Nenets depois que a temperatura
neste verão ficou mais de 5ºC acima do normal.
A fonte do surto parece ser a carcaça de uma rena que
morreu há mais de 70 anos, na última epidemia de antraz. O corpo do animal,
enterrado na tundra, abrigou durante o frio uma pequena colônia de micróbios,
que passou sete décadas inativa - para todos os efeitos, morta. Mas quando
chegou o calor, o cadáver começou a descongelar e as bactérias retornaram à
vida a todo vapor, matando 1.500 renas e infectando mais de 10 pessoas.
A
área do surto foi isolada e toda a população - humana e animal - que saiu da
região está em quarentena, segundo o jornal Siberian Times. O governador
declarou estado de emergência.
Bactérias antraz têm um mecanismo incrível de
sobrevivência: quando estão em condições desfavoráveis, como frio extremo,
formam esporos que são capazes de sobreviver mais de 100 anos no permafrost
(porção de terra que nunca descongela), estimam os cientistas russos. Quando a
temperatura volta a aumentar, eles são capazes de “ressuscitar” e retornam a um
estado menos resistente, mas que dá aos micróbios mais mobilidade - e os torna
bem mais infecciosos.
Mesmo em esporos, a antraz ainda é capaz de causar
infecções - o mais comum é que vacas e bois acabem ingerindo os organismos no
próprio pasto. Já humanos acabam contaminados inspirando os esporos ou tendo
contato com animais doentes. O tratamento é feito com antibióticos como a
penicilina e a ciprofloxacina.
O último surto de antraz na região foi em 1941, ainda que
casos isolados tenham aparecido recentemente na Rússia. A preocupação dos
cientistas e do governo é que as endemias da bactéria se tornem mais comuns
conforme o planeta continua a esquentar.
Um dos grandes riscos é uma explosão de infecções em
Yakutia, uma região que possui mais de 200 lugares de sepultamento de gado,
cheias de carcaças de animais que morreram em pragas anteriores, de onde novas
bactérias podem surgir.
Com esse cenário assustador, a orientação de pesquisadores
russos é típica dos apocalipses zumbis da ficção: alerta constante e
monitoramento de cemitérios onde vítimas da doença tenham sido enterradas.
Na RússiaA Rússia também enfrenta o problema. Segundo a AFP,
confirmou, na terça-feira, 21 casos de antraz, incluindo um óbito, depois de
uma onda de calor incomum atingir o extremo norte do país, derretendo o solo e
liberando esporos potencialmente letais.
“Infelizmente, 20 pessoas tiveram seu diagnóstico de
antraz confirmado”, disse um porta-voz das autoridades da região de
Yamalo-Nenetsky à agência de notícias RIA Novosti.
Além desses casos, um menino de 12 anos que contraiu
antraz morreu no hospital na segunda-feira.
O número de pessoas hospitalizadas por suspeita de
infecção subiu para 90, das quais 45 são crianças, disseram as autoridades
regionais.
É o primeiro surto de antraz desde 1941 na região, que
fica cerca de 2.000 km ao nordeste de Moscou.
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