Domingo, 21 de agosto de 2016
É uma febre mundial. O Pokémon Go chegou ao
Brasil no início de agosto e, mesmo quem não caiu nas graças do jogo para
celular da Niantic, não passa ileso pela interação homem-máquina.
O sucesso vem em grande parte pela mistura entre jogo e realidade e esse é
um aspecto positivo já observado por algumas famílias com crianças e
adolescentes em casa: eles e elas querem sair e circular pela cidade. Diversão
para milhões de pessoas ao redor do globo, como tudo na vida, o excesso pode
gerar alguns problemas.
Para a psicóloga Anna Lívia, o jogo pode combater o ócio e aumentar a
interação social, mas, por outro, prejudicar a visão, se tornar um vício e até
provocar acidentes decorrentes da falta de atenção para além da tela do
smartphone. “Jogos como Pokémon Go são excelentes para distrair a mente, ocupar
o tempo livre e melhorar a memória e concentração. No entanto, é importante
limitar o tempo de meninos e meninas com o jogo de celular”, afirma.
Segundo ela, o game, assim como outros, é um bom estímulo para o cérebro.
“Eles aceleram as conexões nervosas e favorecem o aprendizado. Além disso,
estimulam o planejamento estratégico, pensamentos lógicos e tomada de decisões
no mundo virtual que podem ter reflexo também na vida real”, considera.
A interação social se daria por afinidade, acredita a psicóloga. “Há um
aumento no número de grupos que se juntam em locais públicos para caçar
pokémons. Nesses grupos, as pessoas podem conversar entre si para trocar dicas
de jogo e facilitar novos laços de amizade”, diz.
Por outro lado, ainda de acordo com Anna Lívia, como o jogador precisa
ficar olhando para a tela do celular enquanto anda, há maior risco de a criança
ou o adolescente desenvolver má postura e o surgimento de dores na região do
pescoço e nas costas.
Sobre os acidentes e assaltos envolvendo jogadores de Pokémon Go, é
importante dizer que antes dessa mania, já era cena comum das cidades pessoas
transitando – a pé ou ao volante – enquanto trocavam mensagens. “O jogo requer
um maior nível de concentração na tela do celular e, dessa forma, fica mais
difícil estar atento ao que se passa ao redor, aumentando o risco de quedas ou
atropelamentos. Além disso, como é necessário caminhar, muitas pessoas estão
optando por jogar enquanto dirigem, o que pode levar a acidentes de trânsito
sérios.”, reforça.
Em relação à saúde ocular, a proximidade da tela e dos olhos força a visão
em uma só direção, o que acaba sendo prejudicial. Mas isso se aplica ao tempo
de tela no celular independentemente de você ser ou não um caçador de pokémons.
O principal problema seria mesmo o vício. “Por proporcionar prazer e a
possibilidade de fuga da realidade, existe de se viciar no jogo e ficar adiando
atividades e decisões relacionadas à vida real. Como o cérebro gosta do tipo de
reforço positivo, a cada etapa do jogo, a pessoa passa a preferir continuar
jogando e sendo bem sucedido virtualmente do que estudar ou trabalhar,
especialmente se ela não estiver contente com essas atividades”, salienta.
De modo geral, outros aspectos negativos dos jogos eletrônicos são a
diminuição do tempo máximo de atenção, favorecimento do comportamento
antissocial e além disso, o risco de confusão entre realidade e mundo virtual,
o que acaba favorecendo a depressão em crianças, adolescentes e jovens.
Redação do PBAgora