Senadores abrem mão de discursos para agilizar sessão de impeachment
Terça-feira, 09 de agosto de 2016
Ao se apresentar como
representante de seis senadores tucanos que abriram mão de usar a palavra para
garantir que a votação do processo de impeachment desta terça-feira (9) no
plenário do Senado seja mais ágil, o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG),
defendeu o afastamento definitivo da presidenta afastada Dilma Rousseff. A
expectativa inicial era que a sessão, que vai decidir se Dilma irá a
julgamento, seguisse pela madrugada, mas desde o início da tarde, liderados por
Aécio, parlamentares trabalham para construir um acordo para que a sessão seja
concluída ainda hoje.
Ao discursar, Aécio Neves afirmou que o relatório do colega de partido
Antonio Anastasia (MG) deixa “absolutamente cristalino que a presidente atentou
contra a Lei Orçamentária e a Lei de Responsabilidade Fiscal ao editar decretos
e permitir que as pedaladas ocorressem”.
O tucano disse ainda que o partido está convencido de que as ilegalidades
foram cometidas e revelaram, segundo ele, a "mais perversa face" de
Dilma Rousseff para milhões de brasileiros por terem provocado a atual situação
econômica do país, com aumento do desemprego e redução da renda mensal dos
trabalhadores. “O que estamos falando hoje é defender a Constituição e a
própria democracia. Aqueles que cometem crimes têm que ser por eles
responsabilizados”, destacou.
PTAntes de Aécio, o senador Paulo Paim (PT-RS) classificou como
“covardemente política” a condução do impeachment e afirmou que o processo está
sendo usado como “cavalo de Troia, na batalha de ambições individuais,
partidárias e oligárquicas”. Paim alertou que quem “vai pagar a conta é o povo
brasileiro”. O petista reconheceu que o impeachment está previsto na
Constituição, mas lembrou que para ser “legalmente jurídico” depende de um fato
que o justifique, o que, não há na visão dele.
“Os decretos orçamentários foram legais, e todos sabem disso. No final de
2015, o Congresso aprovou uma mudança na meta fiscal”, disse. Paim ainda
acrescentou que as chamadas “pedaladas fiscais” apontadas nas acusações contra
Dilma são equivalentes a um contrato de prestação de serviços. “A argumentação
das pedaladas fiscais para o impeachment da presidenta Dilma é totalmente
inconsistente. As pedaladas foram utilizadas muitas vezes em outros governos,
inclusive nas gestões anteriores a de Dilma. E mais: a maioria dos governadores
e prefeitos também as utilizaram. A argumentação vai cair como um castelo de
cartas”, afirmou.
Rito Momentos antes de reiniciar a sessão, interrompida às 13h por uma hora, o
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que preside
a sessão, admitiu que caso haja acordo entre as lideranças partidárias, poderá
suspender os trabalhos às 23h e retomá- la amanhã (10). “ Tudo depende do
número de oradores inscritos. São variáveis sobre as quais não temos controle”
, adiantou.