Quinta-feira, 01 de dezembro de 2016
Cientistas norte-americanos
disseram ter identificado células do tecido cerebral fetal que são alvo do
vírus Zika e determinaram que um antibiótico comum considerado de uso seguro
durante a gravidez, o azitromicina, pode bloquear esta infecção, pelo menos em
células cerebrais cultivadas em laboratório. As informações são da agência
chinesa Xinhua.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco (UCSF)
relataram que o vírus Zika infecta preferencialmente as células cerebrais com
abundância de uma proteína chamada AXL, que atravessa a membrana celular
externa com vários tipos de células e serve como um portão de entrada para o
vírus invasor.
As células do cérebro fetal que incorporam esta proteína incluíram células
estaminais neurais e células progenitoras que eventualmente formam outros tipos
de células cerebrais e que desempenham um papel especialmente importante no
crescimento e desenvolvimento do cérebro em estágio fetal.
Outras células com a proteína AXL incluíram micróglia, que são as células
imunes do cérebro, e os astrócitos, um tipo de célula cerebral já totalmente
desenvolvida e especializada que suporta os neurônios na condução dos sinais
neurais. Os neurônios que têm falta da AXL não foram facilmente infectados, em
contraste com observado anteriormente em camundongos de laboratório previamente
utilizados para estudar a infecção pelo Zika.
Os pesquisadores então examinaram 2.177 remédios aprovados pela Food and
Drug Administration (FDA) dos EUA para verificar sua capacidade de bloquear a
infecção por Zika nas células cerebrais cultivadas no laboratório e
identificaram vários remédios que o fizeram, incluindo a azitromicina, um
antibiótico amplamente utilizado.
As descobertas, publicadas online no Journal Proceedings of the National
Academy of Sciences dos EUA, foram lideradas por Joseph DeRisi, líder do
Departamento de Bioquímica e Biofísica da UCSF, e Arnold Kriegstein, diretor do
Centro de Regeneração e Medicina Eli e Edythe Broad e pesquisador celular na
UCSF.
"A nossa caracterização da infecção no cérebro humano em
desenvolvimento esclarece a patogênese da infecção congênita ZIKV (pelo vírus
Zika) e fornece uma base para pesquisar possíveis estratégias terapêuticas para
evitar com segurança as consequências mais graves desta epidemia,"
concluíram no artigo.
O vírus Zika é transmitido principalmente pelo mosquito tropical Aedes
aegypti. Estima-se que entre um por cento e 13 por cento das mulheres
infectadas durante a etapa inicial da gravidez pelo vírus têm bebês com
microcefalia, condição definida por uma cabeça menor e com danos cerebrais.
Atualmente, não há tratamento para evitar que o vírus Zika prejudique o
feto, e o mecanismo biológico que explica como a microcefalia surge a partir da
infecção ainda não está claro.
Agência Brasil