Quarta-feira, 02 de novembro de 2016
(Arquivo) O
ex-policial Detlev Guenzel
O julgamento em
apelação do "delegado canibal", um ex-policial condenado em abril de
2015 a 8,5 anos de prisão por ter esquartejado um homem que havia conhecido em
um site sobre canibalismo, começou nesta terça-feira, em Dresden, no leste da
Alemanha.
O caso de Detlev Günzel, de 58 anos, chamado de
"delegado sem tabus" pela imprensa, provocou comoção na Alemanha.
Günzel foi condenado em primeira instância por ter matado
em novembro de 2013 Wojciech Stempniewicz, um homem de 59 anos procedente da
Polônia.
O tribunal de Dresden o condenou por "assassinato
motivado por desejo sexual" e profanação de cadáver.
Policial durante 30 anos, Günzel, pai de três filhos já
adultos, descrito como um homem simpático, generoso e muito amável por seus
vizinhos, abriu um pequeno hotel em Hartmannsdorf-Reichenau, uma localidade
próxima à fronteira com a República Tcheca.
Günzel esquartejou com uma faca sua vítima no porão da
casa, transformado em um espaço para práticas sadomasoquistas, e depois
enterrou os restos no jardim.
O ex-delegado reconheceu ter esquartejado o corpo, mas
nega ter assassinado Wojciech Stempniewicz.
Günzel afirma que Stempniewicz cometeu suicídio se
enforcando.
Günzel, que em primeira instância se beneficiou de
circunstâncias atenuantes, pode ser condenado à prisão perpétua.
Em abril de 2015, os juízes de primeira instância
consideraram como circunstância atenuante o fato de a vítima ter manifestado
sua intenção de se suicidar em conversas na internet.
Tanto a promotoria quanto o acusado apelaram da decisão.
Em abril, o tribunal de apelação de Leipzig, leste da
Alemanha, ordenou um segundo julgamento considerando que os juízes de primeira
instância não haviam examinado detalhadamente a hipótese de um suicídio da
vítima.
Günzel filmou um vídeo de 50 minutos do esquartejamento
classificado de "horror puro" pelos investigadores.
O vídeo, projetado durante o julgamento de 2015, mostrava
Günzel, coberto de sangue, murmurar: "Nunca pensei que desceria tão
baixo".
Günzel e sua vítima se conheceram um mês antes dos incidentes
em um site, cuja publicidade se gaba com um truculento humor negro de ser o
"número um da carne exótica", no qual os usuários compartilham suas
fantasias de canibalismo.
O caso trouxe à tona um mundo obscuro de internautas
obcecados pelas práticas sexuais sangrentas confinadas principalmente à
fantasia macabra.
O julgamento reviveu na Alemanha a lembrança do
"Canibal de Rotemburgo", Armin Meiwes, que em 2011 castrou,
assassinou e eviscerou um berlinês de 43 anos e posteriormente comeu partes de
seu corpo.
Armin Meiwes foi condenado à prisão perpétua.
O julgamento de Günzel se prolongará até janeiro de 2017.
Por Damien STROKA /
AFP