Terça-feira, 24 de abril de 2018
Foto: Agência Brasil
Uma em cada oito aves está ameaçada de extinção no mundo. Das 11
mil espécies catalogadas, 40% podem desaparecer do planeta, segundo estudos da
BirdLife Internacional, organização não governamental (ONG), que há cinco anos
pesquisa o tema.
A estimativa é de que nos próximos anos 500 espécies
desapareçam. O relatório, intitulado O Estado das Aves no Mundo – 2018 alerta
sobre o risco de extinção global. Sem a intervenção dos defensores dos animais,
segundo a ONG, 25 espécies de aves teriam sido extintas nas últimas décadas.
De acordo com o relatório, sabe-se mais sobre as aves do que
sobre qualquer outro grupo comparável de animais. Isso porque eles são fáceis
de observar, sendo relativamente grandes e visíveis; a maioria está ativa
durante o dia e podem ser facilmente identificados no campo, à distância.
Por serem tão conhecidos e encontrados em praticamente todos os
habitats, as aves servem como termômetro importante para as mudanças
ambientais.
As ameaças estão relacionadas a extração de madeira, espécies
invasoras como gatos e ratos, à caça e também a agricultura intensiva que
utiliza produtos químicos, como agrotóxicos e pesticidas que afetam a
biodiversidade. De acordo com o relatório, 74% das aves no mundo estão em
sofrimento.
No caso do Brasil, o relatório chama a atenção para os estados
da Amazônia e do Pará, que abrigam uma das maiores áreas remanescentes de
floresta tropical do mundo e um número excepcionalmente grande de espécies de
aves.
A região, no entanto, está passando por uma rápida ampliação de
sua malha viária, o que poderia ter consequências desastrosas para este
ecossistema. Só no estado de Pará, estima-se que 27 mil quilômetros de estradas
sejam construídas ou ampliadas até 2031.
Novas estradas afetam diretamente as aves, que correm o risco de
perder o habitat natural, serem atropeladas, além de serem afetadas
indiretamente pela poluição.
De acordo com o relatório, a arara selvagem da espécie Spix’s
macaw (Cyanopsitta spixii) conhecida como ararinha azul, desapareceu em seu
habitat no Brasil, no final de 2000.
Por outro lado, o estudo elogia a iniciativa de ações como da
reserva particular Águia Branca, no Espírito Santo, que atua como corredor para
três parques estaduais: Forno Grande, Castelo e Pedra Azul. Na prática, a
iniciativa protege espécies, como Tanager-de-garganta-cereja e mais 250
espécies, entre elas algumas ameaçadas.
Estudos
“Os dados são inequívocos. Estamos passando por uma deterioração
constante e contínua do status das aves do mundo”, disse Tris Allinson,
responsável pelo relatório e integrante da ONG BirdLife Internacional. “As
ameaças que conduzem a crise da extinção das aves são muitas e variadas, mas
invariavelmente estão associadas ao homem.”
“Embora o relatório forneça uma atualização moderada sobre o
estado das aves e da biodiversidade e dos desafios futuros também demonstra
claramente que existem soluções e que um sucesso significativo e duradouro pode
ser alcançado”, disse Patricia Zurita, da BirdLife.
Na tentativa de reverter o quadro, especialistas sugerem uma série
de ações e mudanças que precisam ser efetivas, como a restauração dos habitats
das aves, a erradicação e o controle de espécies invasoras e o redirecionamento
das espécies de aves mais vulneráveis para que sejam protegidas.
Agência Brasil