Domingo, 31 de maio de 2020
Matéria do
Site Folhapress
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SÃO PAULO, SP
(FOLHAPRESS) – Um estudo da consultoria EY estima que os 20 clubes mais bem
colocados no ranking da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) sofrerão
perdas somadas de ao menos R$ 2 bilhões em 2020.
A análise
leva em conta a paralisação do esporte desde março, por causa da pandemia da
Covid-19, e considera o retorno das partidas no mês de julho, com os
campeonatos estaduais, além da conclusão do Campeonato Brasileiro e da Copa
Libertadores até o fim do ano –sempre com jogos sem a presença de público.
O cenário
pode ser ainda pior para os clubes, já que ainda não há datas de retorno
estabelecidas para os torneios, e a chance de concluir o Brasileiro até
dezembro se mostra cada vez menor.
O relatório
aponta que, com a pandemia, as 20 agremiações, que faturaram R$ 6 bilhões ao
todo em 2019, terão uma retração de 22% (R$ 1,34 bilhão) a 32% (R$ 1,92
bilhão). Isso as fará regredirem para o patamar de receitas de 2016.
A empresa
analisou resultados financeiros de América-MG, Athletico, Atlético-GO,
Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo,
Fluminense, Fortaleza, Goiás, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São
Paulo, Sport e Vasco.
As equipes deverão ser afetadas principalmente no recuo da
arrecadação com a venda dos direitos de televisionamento e o chamado “matchday”
(ganhos com bilheteria, sócio-torcedor, camarotes e cadeiras cativas, além da
comercialização de alimentos e bebidas no dia de jogo).
“A crise
afeta o poder de consumo da população, todos os setores terão perdas, e a
parcela que mais vai impactar é a redução de receita com pay-per-view”, afirma
Pedro Daniel, gerente de esportes da EY.
A consultoria
projeta que, com a queda na base de assinantes, os clubes serão atingidos com
uma redução de 40% nesse item. O valor da assinatura do pay-per-view começa em
R$ 79 (pacote streaming) ou R$ 115 (operadoras de TV por assinatura).
Desde o
começo da pandemia, o Premiere, serviço do Grupo Globo, perdeu aproximadamente
400 mil assinaturas. A empresa repassa 38% do valor obtido com as vendas do
pay-per-view, aproximadamente R$ 550 milhões em 2019, aos times da Série A.
O dinheiro é
dividido de acordo com a pesquisa de torcedores assinantes do serviço,
realizada pela emissora.
Principal
fonte de dinheiro para os times, a cessão dos direitos de transmissão, que
inclui, além do pay-per-view, a venda para televisão aberta e fechada, responde
atualmente por 39% de todas as receitas das agremiações.
Em 2019,
rendeu aos 20 clubes pesquisados R$ 2,3 bilhões. Segundo o estudo, deverá cair
para R$ 2 bilhões ao longo de 2020.
As
transferências de jogadores representam a segunda maior fonte de renda dos
clubes brasileiros. A baixa estimada em 40% nesse tipo de negócio irá gerar
retração, de R$ 1,6 bilhão, em 2019, para R$ 973 milhões, em 2020.
O relatório,
porém, ressalta que a desvalorização do real poderá mitigar parte dessas
perdas, já que os valores de transferência para o exterior são fixados em
dólares ou euros. Outro possível trunfo é que as equipes estrangeiras, com
limitações de investimentos, poderão direcionar suas negociações para os
mercados emergentes, como o brasileiro.
Sobre os
ganhos com patrocinadores, royalties de produtos licenciados e vendas de
camisas, a EY estima que haverá um recuo de até 30%, de R$ 712 milhões em 2019
para R$ 481 milhões em 2020.
Por: Folhapress