Domingo, 22 de agosto de 2021
Risco de
desenvolver tumor cai 4,3% a cada 12 meses de aleitamento.
Cada vez mais, as mulheres estão se dedicando a amamentar exclusivamente até os seis meses de vida, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde. (Foto: Priscila Gomes Costa)
O ato de amamentar traz inúmeros benefícios para o bebê, como a melhora
nutricional, os efeitos protetores contra infecções mais comuns, como a
diarreia e a infecção respiratória, e ainda minimiza o risco de alergias e
obesidade nas crianças. Conheça mais sobre os benefícios para as crianças na
primeira matéria desta série de reportagens sobre o Agosto Dourado, a campanha
de incentivo à amamentação.
A amamentação traz grandes vantagens também para a mãe, como diminuição
do risco de câncer de mama, ajuda no pós-parto, já que o útero se contrai e
volta ao tamanho normal mais rapidamente, aumenta o fluxo de ocitocina, o
hormônio do amor, evitando perdas de sangue e anemia, além de ter efeito
antidepressivo. Cada vez mais, as mulheres estão se dedicando a amamentar
exclusivamente até os seis meses de vida, conforme recomendação da Organização
Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.
Segundo o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil do
Ministério da Saúde, com dados de 2019 e publicado em 2020, os índices de
aleitamento materno estão aumentando no Brasil e mais da metade das crianças
brasileiras são amamentadas no primeiro ano de vida, sendo que 45,7% das
menores de seis meses recebem somente leite materno como alimento. A pesquisa
ainda revela que aumentou a taxa de adesão das mulheres que promovem a
amamentação exclusiva. Os dados mostram que, em 2019, a prevalência foi de 60%
no Brasil.
Um estudo da Organização Mundial de Saúde com o Fundo das Nações Unidas
para a Infância realizado em 2019, mostrou que as taxas globais de aleitamento
materno permanecem baixas, com apenas 43% dos recém-nascidos iniciando o
aleitamento materno dentro da primeira hora após o parto e 41% dos bebês com
menos de seis meses de idade exclusivamente amamentados. Embora 70% das
mulheres continuem amamentando por pelo menos um ano, as taxas de aleitamento
materno caem para 45% aos dois anos de idade.
A farmacêutica Priscila Gomes Nóbrega sabe dos benefícios da amamentação
para o seu primeiro filho, o Davi, de 4 meses. “A opção por amamentar foi
exclusivamente pensando no meu filho, em todos os benefícios da amamentação.
Para ser uma criança saudável, tanto fisicamente, emocionalmente e pelo vínculo
que a amamentação gera”.
"Não é só o Davi que ganha. Os benefícios que geram para mim são
como uma consequência, a maioria deles eu descobri até depois que já tinha
iniciado a amamentação. Reuni o útil ao agradável, a gente só tem a ganhar, não
tem nada que se perca com a amamentação. Inclusive tempo e dinheiro a gente
ganha: o leite está prontinho, não tem que ficar carregando um monte de mamadeira”,
brinca Priscila.
Ela completa: “com tudo isso não existe uma desvantagem na amamentação,
um seio rachado no início, não é nada em comparação a tudo que proporciona
tanto para mãe quanto para a criança”, defende.
Priscila conta como superou as dificuldades que teve no início da
amamentação. “Meu leite não veio de imediato. Tive que colocar o Davi para
ficar sugando mesmo, para estimular o próprio corpo. Cheguei a usar ocitocina
nasal para ajudar a estimular a liberação do leite e quando ele começou, eu tive
um pouquinho de dificuldade com empedramento [das mamas], depois que pegou
fiquei o primeiro mês com o seio rachado, com muita dor no início da
amamentação. Mas, essa dor é só no início, quando começa a sugar, logo depois,
se a mulher insistir um pouquinho mais, ela vai ver que essa dor vai passar”.
Problemas comuns
A intercorrência mais comum durante a amamentação é a fissura no mamilo
causada por posicionamento incorreto do bebê, anquiloglossia (língua presa) ou
até mesmo algumas bombas extratoras de leite, explica a ginecologista, obstetra
e mastologista Mayka Volpato, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia de
São Paulo.
“Outro problema comum é a dor mamária que pode ser causada pelo excesso
de produção de leite com empedramento, infecção fúngica (candidíase), dor
funcional (dor da descida do leite), obstrução de ducto causando dor
localizada, além das alterações no mamilo (eczemas, fissuras, psoríase,
alergias)”.
Ela orienta uma avaliação médica para que intervenções precoces sejam
realizadas, evitando dor crônica e desmame precoce. As orientações preventivas
são feitas na maternidade e incluem avaliação da mamada, correção da pega
e avaliação da língua pelo pediatra.
“Já a mastite é causada pelo trauma no mamilo associado à estase láctea
(causada pela hiperprodução láctea ou não esvaziamento adequado das mamas). A
prevenção é evitar as fissuras e manter as mamas esvaziadas após as mamadas ou
ordenha”, orienta Mayka.
Acredita-se que 3% a 20% das mulheres desenvolvem pelo menos um episódio
de mastite durante o período de amamentação. Na maioria dos casos, a inflamação
ocorre nos três primeiros meses de aleitamento, podendo ocorrer em qualquer
fase da amamentação inclusive no desmame.
Esvaziamento eficaz e correto da mama é essencial para o sucesso do
tratamento, explica a médica Mayka Volpato no artigo Tratamento Mastite
Lactacional . Segunda ela, “as mães devem ser encorajadas a amamentar mais
frequentemente começando pela mama afetada e sempre ordenhar (manualmente ou
com bomba) caso permaneça leite nas mamas, mantendo-as sempre esvaziadas.
“A amamentação deve continuar frequente, por exemplo, amamentar de 8 a
12 vezes por dia, a fim de promover a remoção efetiva do leite. Também pode
extrair o leite do lado afetado, caso indicado, e/ou massagear, se tolerado”,
completa Mayka.
Por: Agência Brasil