Sábado, 11 de junho de 2022
Rendimento de 1% da população mais
rica corresponde a 38,4 vezes mais que a renda da metade dos mais pobres
Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil
No segundo ano da pandemia do novo coronavírus, a renda média
mensal real do brasileiro teve queda recorde de 5,1% em 2021, atingindo seu
menor valor desde 2012. É o que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua (Pnad Contínua) – Rendimento de Todas as Fontes 2021,
divulgada nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Conforme reportou
o R7, com a pandemia, o rendimento mensal médio real
de todas as fontes caiu de R$ 2.386, em 2020, para R$ 2.265, em 2021. Esse é o
menor valor registrado pela série histórica da Pnad Contínua, iniciada há nove
anos. O rendimento já havia sofrido uma queda 3,4% em 2020.
O rendimento
médio mensal real domiciliar per capita, que já havia diminuído em 4,3% em
2020, voltou a cair 6,9% em 2021, quando foi estimado em R$ 1.353, o menor
valor da série histórica. A massa mensal de rendimento foi de aproximadamente
R$ 216,7 bilhões, 3,1% menor que a estimada para 2020.
Já o rendimento
médio mensal real habitualmente recebido de todos os trabalhos (calculado para
as pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência)
registrou redução de 6,1% em 2021, estimado em R$ 2.476. Em 2020, havia
atingido o maior valor da série (R$ 2.638).
A retração do
rendimento médio é atribuída ao possível resultado da expansão da informalidade
na ocupação.
Com isso, a
desigualdade também aumentou. O rendimento mensal de 1% da população mais rica,
que recebe em média R$ 15.940, corresponde a 38,4 vezes mais que a renda da
metade da população mais pobre, que ganha R$ 415.
Outras fontes
Entre as
categorias que compõem o rendimento proveniente de outras fontes, o item
aposentadoria e pensão manteve a maior média em 2021 (R$ 1.959), mesmo com
retração recorde de 5,3% no período.
Em todas as
regiões, a aposentadoria e pensão também representavam a categoria de maior
valor, variando de R$ 1.564 no Norte a R$ 2.212 no Centro-Oeste. Regionalmente,
a perda de valor foi generalizada entre 2020 e 2021, com destaque para a
redução de 9,7% no Centro-Oeste.
Os rendimentos
provenientes de aluguel e arrendamento tiveram valor médio de R$ 1.814, aumento
de 3,7% quando comparado ao estimado em 2020 (R$ 1.749). Em termos regionais,
apenas na Região Nordeste houve redução do valor médio do rendimento de aluguel
e arrendamento no período (queda de 12,7%).
Pensão
alimentícia, doação e mesada de não morador totalizavam, em média, R$ 667,
valor 4,2% abaixo do estimado no ano anterior (R$ 696).
As Regiões Norte
e Nordeste apresentaram as maiores perdas nesse rendimento entre 2020 e 2021:
29,5% e 19,0%, respectivamente.
Emprego
Entre os fatores
que ajudam a explicar a queda da massa de rendimento do trabalho da população
ocupada, entre 2020 e 2021, está a redução do rendimento médio de todos os
trabalhos, que preponderou sobre o aumento da população ocupada no período.
Entretanto, a
população ocupada cresceu 3,2%, passando de 84,7 para 87,5 milhões de pessoas,
o que não foi suficiente para recuperar as perdas ocorridas no início da
pandemia, uma vez que, em 2019, a população ocupada totalizava 92,8 milhões de
pessoas.
Esse aumento de
2,8 milhões de pessoas na ocupação contribuiu para reduzir o rendimento médio
do trabalho em 6,1%, o que se deve à entrada no mercado de trabalho de pessoas
com menor remuneração, puxando a média do rendimento para baixo. No entanto,
para justificar a queda da massa de rendimento no país entre 2020 e 2021, pesou
mais a redução do rendimento médio que o aumento da ocupação.
No primeiro ano
da pandemia de Covid-19, houve redução do peso do trabalho e aumento de outras
fontes de rendimento. Mas, entre 2020 e 2021, o movimento foi oposto. A
tendência de aumento da parcela correspondente ao rendimento do trabalho e
queda do peso do rendimento de outras fontes ocorreu em todas as regiões.
População
Em 2021, havia
212,7 milhões de pessoas residentes no país, ante 197,7 milhões em 2012. A
Região Sudeste concentrava a maior parte da população (42,1%), seguida das
Regiões Nordeste (27,1%), Sul (14,3%), Norte (8,7%) e Centro-Oeste (7,8%).
Programas sociais
Entre 2020 e
2021, houve redução do rendimento médio em todos os domicílios, mas com maior
intensidade naqueles que tinham alguém recebendo algum programa social.
Enquanto o rendimento domiciliar per capita dos domicílios beneficiários do
Bolsa Família se desvalorizou em 10,8%, entre os domicílios não beneficiários a
perda foi de 5,4%.
Domicílios com
alguém recebendo outro programa social tiveram redução de 26,1% no rendimento
médio, sobretudo pela redução do valor do auxílio emergencial, enquanto aqueles
sem beneficiários tiveram perda de 10,3%. A redução do rendimento médio dos
domicílios por recebimento do BPC-Loas foi menos discrepante: queda de 7,8% nos
domicílios com beneficiários e de 6,9% naqueles sem beneficiários.
Devido à
pandemia do novo coronavírus e à necessidade de distanciamento social, em 2020,
o governo federal criou o auxílio emergencial, benefício destinado aos
trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e
desempregados.
Esse benefício
estava presente em 15,4% dos domicílios do país em 2021, após totalizar 23,7%
dos domicílios em 2020, redução que pode ser explicada por mudanças na
concessão do auxílio realizadas com a flexibilização das medidas sanitárias.
Por: R7