Domingo, 27 de novembro-11 de 2022
Descoberta pode ajudar a explicar por
que pessoas do sexo feminino têm mais dificuldade para deixar o tabagismo
Foto: USP Imagens
Um estudo apresentado neste fim de semana na 35ª conferência
anual do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia aponta pela primeira vez uma
possível razão pela qual as mulheres costumam ter mais dificuldade do que os
homens para abandonar o tabagismo. A
informação é do R7.
O artigo mostra que uma dose regular — equivalente a um único
cigarro — diminui os níveis de estrogênio (um importante hormônio) no cérebro
das mulheres.
“Ainda não temos certeza de quais são os resultados
comportamentais e cognitivos; só que a nicotina atua nessa área do cérebro,
porém notamos que o sistema cerebral afetado é alvo de drogas viciantes, como a
nicotina”, explica em comunicado a pesquisadora principal do estudo, a
professora Erika Comasco, da Universidade Uppsala, na Suécia.
A área cerebral
mencionada por ela é o tálamo, envolvido em respostas comportamentais e
emocionais.
Sabe-se que as
mulheres são mais resistentes à reposição de nicotina em tratamentos para
deixar de fumar, além de terem apresentado mais recaídas do que os homens
quando tentam abandonar o cigarro.
Pessoas do sexo
feminino ainda “apresentam maior vulnerabilidade à hereditariedade do tabagismo
e correm maior risco de desenvolver doenças primárias relacionadas ao
tabagismo, como câncer de pulmão e ataques cardíacos”, complementa a
pesquisadora.
“Precisamos
agora entender se essa ação da nicotina no sistema hormonal está envolvida em
alguma dessas reações”, ressalta Erika.
Wim van den
Brink, professor emérito de psiquiatria e dependência do Centro Médico
Acadêmico da Universidade de Amsterdã, comenta que “a dependência do tabaco é
um distúrbio complexo com muitos fatores contribuintes”.
“É improvável
que esse efeito específico da nicotina no tálamo (e na produção de estrogênio)
explique todas as diferenças observadas no desenvolvimento, tratamento e
resultados entre homens e mulheres fumantes. Ainda está muito longe de uma
redução induzida pela nicotina na produção de estrogênio para um risco reduzido
de dependência de nicotina e efeitos negativos do tratamento e recaída em
mulheres fumantes, mas este trabalho merece uma investigação mais aprofundada”,
conclui.
Por: R7

