Sábado, 20 de maio-(05) de 2023
Segundo Haddad, o Ministério da
Fazenda já apresentou ao BC dados que mostram que a economia do país comportaria
a redução dos juros Fernando
Haddad (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
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Fernando Haddad (Foto: Valter
Campanato/Agência Brasil) |
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
voltou a defender nessa sexta-feira (19) a diminuição da taxa básica de juros
da economia brasileira, a taxa Selic. Ao discursar em um evento internacional
promovido pelo Banco Central (BC), na capital paulista, o ministro disse que o
país está pronto para iniciar um ciclo de queda nos juros e criticou a decisão
do BC em manter a Selic em patamar elevado.
“Nós achamos que tem espaço para
começar um ciclo [de queda nos juros] mas, enfim, tem uma equipe técnica ali
[no Comitê de Política Monetária do BC] que está formada, e que nós procuramos
respeitar”, disse.
“Sempre que ouço uma autoridade
monetária falar que quando você está combatendo uma infecção, você tem que
tomar toda a cartela do antibiótico, eu sempre lembro que também há a
observação de que você não pode tomar duas cartelas do antibiótico. Você tem
que tomar a medida certa para que a economia consiga, a um só tempo, se
reajustar”, disse.
Segundo Haddad, o Ministério da Fazenda
já apresentou ao BC dados que mostram que a economia do país comportaria a
redução dos juros. “Pelo comportamento do juro futuro, do câmbio, e da própria
inflação, e isso no momento em que a economia demonstra que não está
desaquecida, como se pensava no começo do ano, ela está desaquecendo porque as
taxas são muito elevadas”.
O ministro destacou que a economia do
país deve ser gerida tendo-se em mente o bem-estar das pessoas e a promoção do
desenvolvimento com justiça social. “Somos servidores públicos, nós temos que
servir a nossa gente e promover desenvolvimento com justiça social e,
obviamente, em se tratando de um evento do Banco Central, com baixas taxas de
inflação”.
Haddad ressalvou, no entanto, que o
debate sobre a política de juros não pode ser uma “afronta” ao Banco Central e
que o ministério e o BC devem trabalhar em harmonia. “Nós temos que compreender
que discutir política monetária não é afrontar a autoridade monetária. Muito
pelo contrário, todos que estão nessa sala e nos assistindo sabem que estamos
concorrendo para o mesmo objetivo”.
Segundo Haddad, o ministério e o BC
devem se comportar como dois braços do mesmo organismo, “lembrando que não há
uma mão mais importante do que a outra, e não há uma que é reativa à outra, as
duas mãos têm que trabalhar ativamente em proveito de uma regulação adequada”.
O ministro disse ainda que o Brasil tem
condições de “sair na frente” no próximo ciclo de expansão da economia mundial
e que o país tem a obrigação de perseguir taxas de crescimento superiores à
média mundial, dado o seu potencial em recursos naturais, humanos e tecnologia
nacional.
“O Brasil vem experimentando uma
condição em que as taxas de inflação se reduzem, as projeções de crescimento
são revistas para cima, as condições internacionais, tanto de comércio, quanto
de reservas, pela atuação do Banco Central, inclusive, vêm mostrando uma
resiliência muito grande, e entendemos que o Brasil tem tudo para, num ambiente
muito adverso, bastante adverso, sairmos na frente no próximo ciclo de
expansão”, defendeu.
Agência Brasil