Quinta-feira, 17 de agosto-(08) de 2023
Segundo Walter Delgatti, o objetivo era pôr o processo eleitoral
em dúvida para a população
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(Foto: Agência Brasil) |
O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) teria pedido ao
hacker Walter Delgatti que fraudasse uma urna com o objetivo de pôr em dúvida o
processo eleitoral para a população. A afirmação foi feita pelo hacker durante
depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro nesta
quinta-feira (17).
Conforme o R7, Delgatti afirmou que Bolsonaro queria que ele “autenticasse a
lisura das eleições, das urnas”. O marqueteiro do ex-presidente Duda Lima
teria, então, aconselhado ao hacker que criasse um “código-fonte falso” para
mostrar a possibilidade de invadir uma urna e fraudar as eleições.
“A ideia era pegar uma urna
emprestada da OAB, acredito. E pôr um aplicativo meu para mostrar à população
que é possível apertar um voto e sair outro.”
A espécie de simulação serviria para pôr dúvida na população, já
que, segundo Delgatti, invadir o código-fonte do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) é impossível por fora, porque o sistema é offline.
Delgatti não
descartou a possibilidade de invasão real às urnas, mas esclareceu que, da
forma como a eleição é feita hoje, a partir das checagens e lacres das urnas,
essa possibilidade seria uma “fantasia”. Ele ressaltou acreditar na lisura das
eleições.
O R7 procurou a
defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esta reportagem será atualizada assim
que recebermos a manifestação dos advogados. Nas redes sociais, o advogado do
ex-presidente negou a existência do grampo ou de “qualquer atividade ilegal”.
“Mente e mente e mente”, completou.
Entenda
O hacker tem
direito de ficar em “silêncio” após uma decisão do ministro do STF Edson
Fachin, mas responde aos questionamentos dos parlamentares.
“O direito ao
silêncio confere à pessoa, independente se investigada ou testemunha, que
comparece perante qualquer dos poderes públicos a prerrogativa de não responder
a perguntas cujas respostas, em seu entender, possam incriminá-la”, afirmou
Fachin.
A convocação de
Delgatti à CPMI foi um pedido da ala governista e foi aprovada um dia depois de
sua prisão. Na época, a base do governo afirmou que Delgatti tem “envolvimento
na promoção dos atos criminosos contra a democracia e as instituições públicas
brasileiras”. Por se tratar de uma convocação, Delgatti era obrigado a
comparecer à comissão.
Delgatti foi
preso no início de agosto, no interior de São Paulo. No mesmo dia de sua
prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados a
Carla Zambelli, por suspeita de ela ter contratado o hacker para executar
crimes.
Histórico
Em 2019,
Delgatti foi preso por suspeita de “grampear” autoridades brasileiras e admitiu
ter fornecido dados de conversas entre o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro
(União-PR) e procuradores da Operação Lava Jato, em um escândalo conhecido como
“Vaza Jato”, que teve entre as principais consequências a anulação das
condenações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em outubro de 2020, o
hacker ganhou liberdade condicional.
Por: R7 com Portal Correio