Domingo, 03 de marco-(03) de 2024
Lula propôs uma moção à ONU pelo fim
imediato do genocídio. Chefes de estado endossaram exigência da ONU de
cessar-fogo humanitário
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)
O Brasil e mais 23 países da Comunidade
de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) emitiram declaração conjunta
por um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, enclave palestino controlado pelo
grupo Hamas que vem sendo alvo de ataques do governo de Israel. O documento que
trata das ações israelenses na Palestina foi assinado durante a cúpula da
Celac, na sexta-feira (1º), em Kingstown, capital de São Vicente de Granadinas.
“Conscientes da intransigência
refletida nas declarações do governo de Israel e do agravamento da crise
humanitária em Gaza, deploramos o assassinato de civis israelenses e
palestinos, incluindo os cerca de 30 mil palestinos mortos desde o início da
incursão de Israel em Gaza, e manifestamos profunda preocupação com a situação
humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e com o sofrimento da população civil
palestina”, diz a declaração.
Os chefes de Estado endossaram “fortemente” a exigência da
Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) de um cessar-fogo humanitário imediato
em Gaza e de que todas as partes no conflito cumpram o direito internacional,
especialmente no que diz respeito à proteção de civis. A resolução da ONU foi
aprovada em dezembro de 2023.
A declaração dos
países da Celac cita ainda casos em curso na Corte Internacional de Justiça
para determinar se a ocupação continuada do Estado da Palestina por Israel
constitui violação do direito internacional e se o ataque de Israel a Gaza
constituiria genocídio. Os países também enfatizam a exigência de libertação
imediata e incondicional de todos os reféns, e reiteram a solução de dois
estados, Israel e Palestina, vivendo lado a lado dentro de fronteiras seguras e
reconhecidas.
O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva participou da cúpula da Celac e, durante seu discurso,
propôs uma moção à ONU pelo fim imediato do genocídio de palestinos na Faixa de
Gaza, imposto pelo governo de Israel. Para Lula, a reação de Israel aos ataques
do Hamas é “desproporcional e indiscriminada” e a “indiferença da comunidade internacional
[aos atos] é chocante”.
No dia 7 de
outubro de 2023, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, lançou um ataque
surpresa de mísseis contra Israel e com a incursão de combatentes armados por
terra, matando cerca de 1,2 mil civis e militares e fazendo centenas de reféns
israelenses e estrangeiros.
Em resposta,
Israel vem bombardeando várias infraestruturas do Hamas, em Gaza, e impôs cerco
total ao território, com o corte do abastecimento de água, combustível e
energia elétrica. Os ataques israelenses já deixaram cerca de 30 mil mortos, a
maioria mulheres e crianças, além de feridos e desabrigados. A guerra entre
Israel e Hamas tem origem na disputa por territórios que já foram ocupados por
diversos povos, como hebreus e filisteus, dos quais descendem israelenses e
palestinos.
Ainda na
declaração, os países da Celac exigem a garantia de acesso humanitário às áreas
afetadas e apoiam a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras aos
Refugiados da Palestina (UNRWA). Criada em 1949, a agência da ONU desenvolve
ações sociais, como educação, saúde e moradia, destinadas a palestinos na Faixa
de Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Síria e no Líbano.
No início deste
ano, diversos países doadores suspenderam o financiamento à agência após
denúncias de envolvimento de funcionários no ataque do grupo palestino Hamas a
Israel, em 7 de outubro do ano passado. A UNRWA informou que rescindiu os
contratos com os supostos envolvidos e abriu investigação.
O texto da Celac é
assinado pelos chefes de Estado e de governo de Antígua e Barbuda, Bahamas,
Barbados, Belize, Bolívia, Brasil, Colômbia, Cuba, Chile, Dominica, República
Dominicana, Granada, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, São
Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e
Tobago e Venezuela.
A Comunidade de
Estados Latino-Americanos e Caribenhos constitui o único mecanismo de diálogo
que reúne, de maneira autônoma, o conjunto dos países em desenvolvimento do
continente americano. Após 3 anos de afastamento, o Brasil se reintegrou em
janeiro de 2023.
Apesar de ser um
dos países fundadores da Celac, o governo anterior do Brasil deixou a
comunidade, composta por 33 países. A reintegração ao bloco foi uma das
primeiras medidas de política externa do presidente Lula no início de 2023, ao
assumir o terceiro mandato.
Por: Agência Brasil