Quinta-feira, 28 de março de 2024
Correios registraram um resultado líquido
negativo de R$ 597 milhões em 2023, uma redução de 22% em relação ao prejuízo
observado no ano anterior.
Os Correios registraram um resultado
líquido negativo de R$ 597 milhões em 2023, uma redução de 22% em relação ao
prejuízo observado no ano anterior. O resultado consta de balanço aprovado pelo
conselho de administração da estatal hoje. Ao Valor, o presidente dos
Correios, Fabiano Silva, afirmou que a trajetória demonstra que a empresa
não precisa de aportes do Tesouro. Ele projeta para 2024 um lucro líquido
de R$ 150 milhões.
O resultado de 2023 foi impactado negativamente
pelo desembolso de R$ 2 bilhões que os Correios precisaram fazer para levar
adiante o plano de equacionamento do déficit do Postalis, o fundo de
pensão dos funcionários da estatal. Perdas de clientes estratégicos chegaram a
R$ 500 milhões.
Além disso, comentou Fabiano Silva, o programa
federal Remessa Conforme, embora importante para o país no sentido de dar
mais transparência e controle à entrada de encomendas internacionais em
território brasileiro, provocou uma redução de mercadorias transportadas e,
consequentemente, uma frustração de receitas.
“A gente precisou fazer um reequacionamento do
déficit do Postalis, que está refletido em nossas demonstrações contábeis desse
ano. Então, é um impacto de cerca de R$ 2 bilhões”, afirmou Silva. Ele
considera o aporte no fundo como inevitável. “Isso trará uma garantia de que as
pessoas receberão recursos no Postalis, trazendo segurança para o plano de
previdência”, frisou. “O programa [Remessa Conforme] dá um compliance dessas
operações internacionais que, no nosso caso, deixaram de ser feita às cegas
porque vinha um pacote e ninguém sabia quem enviou, de onde veio”, afirmou o
presidente dos Correios, explicando que, por outro lado, “houve uma frustração
de receita”.
Diferentemente de outros agentes do setor, argumenta o presidente, todos os empregados
da empresa são formalizados. E a estatal, por ser responsável pela execução de
políticas públicas, tem a missão de garantir a universalização dos serviços e
estar em todos os municípios do país. Ou seja, não irá focar apenas nos
mercados lucrativos.
A expectativa do executivo é reverter o resultado negativo do ano passado. Para
alcançar o lucro de R$ 150 milhões em 2024, a estatal deve buscar a celebração
de mais parcerias de negócios — especialmente, em contratos com órgão públicos
—, a recuperação de clientes estratégicos que negociam maior volume de entregas
de encomendas e a redução de despesas com adoção de sistemas mais eficientes.
Silva conta que duas prioridades dos Correios para 2024 serão o redesenho da
malha de transportes, para otimizar a operação, e início de uma estratégia de
marketing com contratação de agência de publicidade. O orçamento para
publicidade será de R$ 380 milhões neste ano.
Em outra frente, os Correios tomarão empréstimo de 700 milhões de euros do NDB,
o Banco do Brics, até o fim do ano, diz o presidente. A operação ainda precisa
ser aprovada pela Secretaria do Tesouro Nacional e pelo Senado. Os recursos
serão usados para projetos voltados a investimentos em energia limpa e
descarbonização da frota.
Por: Valor Econômico