Quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Especialista analisa os
efeitos das mudanças climáticas para o planeta
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© Marcelo Camargo/Agência Brasil |
O ano de 2025 começou com chuvas intensas nas regiões Sul e
Centro-Oeste do Brasil e estiagem no Nordeste, evidenciando cada vez mais os
efeitos das mudanças climáticas. Essa crise, além de gerar impactos ambientais,
agrava desigualdades e impõe novos desafios globais.
A urgência
em enfrentar a crise climática e buscar soluções é tema central da 30ª
Conferência sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada no Brasil. Em
entrevista exclusiva à Agência
Brasil,
Mercedes Bustamante, pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB) e
colaboradora do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da
ONU, reforça que a crise climática é uma amplificadora de outras crises.
“Ela
contribui para o agravamento de problemas já existentes, como desigualdade,
fome, escassez de recursos hídricos, migrações humanas e conflitos
geopolíticos”, afirma a especialista. Bustamante também aponta que trabalhar
nas causas do aquecimento global é a ação mais urgente.
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Pesquisadora da Universidade de Brasília
Mercedes Bustamante. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil |
A
importância de acordos climáticos globais
Segundo
Bustamante, acordos internacionais, como o Acordo de Paris – firmado na COP21
em 2015 – são essenciais para combater a crise climática. O principal objetivo
do acordo é limitar o aquecimento global a menos de 2°C até o final do século,
com esforços para restringi-lo a 1,5°C.
“Não
adianta o Brasil reduzir suas emissões de gases do efeito estufa se outros
países não fizerem o mesmo. É necessário um esforço coletivo”, explica. Para
ela, o enfrentamento à crise também depende de transições energéticas rápidas e
sérias, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e investindo em fontes
de energia renováveis.
Impactos sobre as cidades e soluções necessárias
A
urbanização desordenada torna as cidades brasileiras particularmente
vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Mercedes destaca que é urgente
priorizar a salvação de vidas e retirar populações de áreas de risco. “Eventos
de chuvas extremas têm sido recorrentes desde 2011. A reconstrução das cidades
afetadas precisa ser feita de forma planejada, talvez em novos locais”, afirma.
Além
disso, ela enfatiza a importância de medidas voltadas à conservação ambiental.
“O Brasil tem uma oportunidade única de mitigar as emissões de gases de efeito
estufa e promover a recuperação de áreas verdes. Isso não é apenas uma questão
de adaptação, mas também uma solução para o sequestro de carbono”.
Papel do setor financeiro e da política global
Bustamante
também ressalta o papel crucial do setor financeiro no enfrentamento à crise
climática. “Com a concentração de recursos em poucas mãos, é fundamental que o
setor privado apoie iniciativas de adaptação e mitigção. A atmosfera é um bem
comum global, e todos dependem dela”.
Sobre
a política climática internacional, ela comenta que decisões unilaterais, como
a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris durante o governo Trump, impactam
negativamente os esforços globais. No entanto, iniciativas privadas e avanços
tecnológicos podem ajudar a manter o progresso.
Senso de urgência
Mercedes
Bustamante conclui destacando que o tempo é um fator crítico. “Se tínhamos
começado a agir há 30 anos, estaríamos em outro patamar. As forças
negacionistas atrasaram o enfrentamento à crise, mas é fundamental que agora
haja um senso de urgência para que as medidas sejam implementadas de forma
imediata”.
A
crise climática é um desafio global que requer colaboração, planejamento e
ações concretas para garantir um futuro mais seguro para as próximas gerações.
Com informações do Lucio Antunes - Portal Expresso
Carioca