Sexta-feira, 11 de julho-(07) de 2025
Mortes foram registradas em pontos de ajuda administrados pela
Fundação Humanitária de Gaza (FHG) e perto de comboios organizados por outros
grupos
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Fumaça sobe ao céu após uma explosão na Faixa de Gaza, vista de Sderot, sul de Israel, quinta-feira, 22 de maio de 2025. (Foto: AP/Leo Correa) |
O Alto Comissariado da ONU para os
Direitos Humanos (OHCHR) informou nesta sexta-feira (11) que registrou, nas últimas
seis semanas, pelo menos 798 mortes tanto em pontos de ajuda administrados pela
Fundação Humanitária de Gaza (FHG), apoiada por EUA e Israel, quanto perto de
comboios organizados por outros grupos.
A FHG utiliza empresas privadas de
segurança e logística dos EUA para levar suprimentos a Gaza, contornando um
sistema liderado pelas Nações Unidas que, segundo Israel, possibilitou o desvio
de ajuda por terroristas do Hamas. O grupo palestino nega as acusações.
A ONU considera o plano da FHG “inerentemente não seguro” e uma
violação das regras de imparcialidade humanitária, e a morte de centenas
palestinos que tentavam acessar os centros de ajuda corrobora essa posição.
“[Entre 27 de maio
e 7 de julho], registramos 798 mortes, das quais 615 ocorreram nas proximidades
dos centros da FHG e 183, possivelmente, ao longo das rotas dos comboios de
ajuda humanitária”, afirmou Ravina Shamdasani, porta-voz do OHCHR, a
jornalistas em Genebra, na Suíça.
A FHG começou a
distribuir pacotes de alimentos em Gaza no final de maio, após Tel Aviv
suspender um bloqueio de ajuda humanitária que durou 11 semanas. O grupo nega
repetidamente que incidentes tenham ocorrido em seus locais de distribuição.
A ONU disse que
baseia seus números em uma série de fontes, como informações de hospitais,
cemitérios, famílias, autoridades de saúde palestinas, ONGs e seus parceiros no
território. Segundo Shamdasani, a maioria dos ferimentos registrados próximos
aos centros de distribuição é por arma de fogo.
As Forças Armadas
israelenses reconheceram que civis palestinos foram mortos em centros de
distribuição de ajuda em Gaza, dizendo que as forças de Tel Aviv receberam
novas instruções após o que chamaram de “lições aprendidas”. Quando
questionadas sobre episódios específicos ao longo dos últimos meses, a resposta
mais comum era que “tiros de advertência” haviam sido disparados.
Israel afirmou
repetidamente que suas forças operam perto dos centros para impedir que a ajuda
caia nas mãos dos membros do Hamas. A FHG afirmou nesta sexta que entregou mais
de 70 milhões de refeições a palestinos em cinco semanas, e que outros grupos
humanitários tiveram “quase toda a sua ajuda saqueada” pelo grupo terrorista.
Há uma grave
escassez de alimentos e outros suprimentos básicos após uma campanha militar de
quase dois anos por parte de Israel contra o Hamas em Gaza, que reduziu grande
parte do território a escombros e deslocou a maioria de seus dois milhões de
habitantes.
Na quinta-feira
(10), a União Europeia anunciou que chegou a um acordo com Israel para expandir
a distribuição de ajuda humanitária “diretamente à população”. A negociação
prevê “aumento substancial no tráfego diário de caminhões com alimentos e itens
não alimentícios entrando em Gaza”, bem como a “abertura de vários outros
pontos de travessia”.
Sanções
A relatora
especial da ONU para os direitos humanos nos territórios palestinos ocupados,
Francesca Albanese, comentou a decisão do governo Donald Trump de impor sanções
contra ela. A posição americana se deve aos esforços de Albanese para que o
Tribunal Penal Internacional (TPI) tome medidas contra autoridades, empresas e
executivos dos EUA e também de Israel.
“Os poderosos
punindo aqueles que falam pelos impotentes não é um sinal de força, mas de
culpa”, escreveu ela em um post no X. “Continuarei fazendo o que estou
fazendo.”
O anúncio das
sanções foi dado pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, na
quarta-feira (9), em meio a tratativas para uma trégua em Gaza. A UE disse que
“lamenta profundamente” a decisão e pediu que o governo americano “suspenda
rapidamente” a medida. Caso confirme as sanções, os EUA retomarão uma medida
incomum que mira órgãos internacionais como o TPI ou a própria ONU. O
secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que as sanções
contra Albanese estabelecem um precedente perigoso.
Por: Folhapress