Quinta-feira, 24 de julho-(07) de 2025
Crimes contra mulheres, como ameaça, violência psicológica,
perseguição, assédio, importunação e tentativa de feminicídio, crescem na
Paraíba.
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Vítimas de feminicídios no Brasil são, principalmente, negras e morrem dentro de casa. |
No contexto da redução da violência no Brasil, o país
registrou, em 2024, um aumento nos feminicídios – assassinatos de mulheres por
conta de seu gênero. Além disso, os homicídios de menores de idade romperam a
tendência de queda e voltaram a subir, impulsionados principalmente pelas
mortes de adolescentes em confrontos com a polícia.
Os dados são do Anuário da Segurança 2025,
divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) nesta quinta-feira
(24), que existe desde 2011 e mapeia os registros criminais feitos anualmente pelas
secretarias de segurança pública dos 26 estados e do DF.
O Brasil teve 1.492 feminicídios em 2024,
maior número desde 2015, quando a legislação brasileira passou a definir esse
crime, e uma alta de 1% em relação a 2023.
A maior parte das vítimas de
feminicídio em 2024
• era mulher negra (64% das vítimas);
• tinha 18 e 44 anos (70%);
• foi assassinada dentro de casa (64%);
• por um homem (97%);
• por alguém que era companheiro ou
ex-companheiro (80%);
• e foi morta por uma arma branca (48%), como
uma faca, por exemplo.
O Fórum destaca que ao menos 121 das
mulheres mortas em 2023 e 2024 estavam sob medida protetiva no momento do
assassinato – só em 2024, cerca de 100 mil dessas ordens foram descumpridas, de
acordo com o levantamento.
"Consideradas um dos principais
mecanismos legais de enfrentamento à violência letal de gênero, essas medidas,
isoladamente, têm se mostrado insuficientes", afirma a pesquisadoras
Isabella Matosinhos.
Crimes
contra mulheres crescem na Paraíba
A Paraíba apresentou queda nos
assassinatos de mulheres e no número de feminicídios, mas tem registrado
aumento em outros crimes contra mulheres. De acordo com o Anuário Brasileiro de
Segurança Pública 2025, os crimes de violência psicológica, perseguição,
ameaça, assédio, importunação sexual e até tentativa de feminicídio cresceram
na Paraíba.
Segundo o documento, o número
de feminicídios caiu 23% entre 2023 e 2024, saindo de 34 casos para 26 no ano
passado. No entanto, as tentativas de feminicídios cresceram 5,5%.
Embora os números de lesão corporal dolosa
por violência doméstica também tenham diminuído na Paraíba, uma redução de 10%
entre 2023 e 2024, outros crimes contra mulheres, que normalmente compõem o que
chamamos de "ciclo da violência", cresceram. Entre eles, está o crime
de ameaça. Na Paraíba, em 2023, 7.622 mulheres foram vítimas. O número, no
entanto, cresceu 52% em 2024, chegando a 11.681 vítimas.
O crime de perseguição (stalking) e
violência psicológica também acompanham esse aumento. Em 2024, 1.414 mulheres
foram perseguidas, um aumento de 51% em relação a 2023. Além disso, 608
mulheres denunciaram violência psicológica no ano passado, representando um
aumento de 50% em relação ao ano de 2023.
Os crimes de assédio e importunação sexual
também cresceram 15,5% e 60,8%, respectivamente. De acordo com o Anuário, o
assédio sexual é todo comportamento de natureza sexual não solicitado, dirigido
à vítima com o objetivo de constrangê-la ou criar um ambiente hostil, no
contexto de uma relação de poder ou hierarquia. Já a importunação sexual ocorre
quando alguém pratica ato libidinoso, sem consentimento, na presença da vítima.
A principal diferença entre os dois está na existência de vínculo de
subordinação: enquanto o assédio pressupõe uma relação hierárquica, a
importunação pode ocorrer entre pessoas sem qualquer vínculo ou relação de
poder.
Por: Jornal da Paraíba