Domingo, 03 de agosto-(08) de 2025
Pesquisadora quer
produzir fio em larga escala para reduzir a pegada de carbono da indústria
têxtil.
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Divulgação/Phycolabs |
Uma startup criada pela pesquisadora Thamires
Pontes transforma algas marinhas em matéria-prima para tecidos. O projeto quer
desenvolver fios que podem ser usados em escala comercial, com rastreabilidade
e baixo impacto ambiental, oferecendo uma alternativa para "descabornizar
a moda".
A paraibana, natural de João Pessoa, conta que a
ideia começou a ganhar forma durante o mestrado em Têxtil e Moda na
Universidade de São Paulo, iniciado em 2016. Foi nesse período que Thamires
identificou o potencial das algas como matéria-prima para a indústria
têxtil. “Foi um período de autodescoberta. Eu percebi que o caminho
tradicional da moda já não me trazia realização”, afirmou Thamires.
Na
época, ela já atuava na indústria têxtil, trabalhando com importação de tecidos,
pesquisa de tendências e exploração de novos materiais. Mas foi apenas em 2022
que a startup foi criada e o foco no desenvolvimento de fios à base de alga
marinha teve início.
Segundo
a fundadora da Phycolabs, a alga marinha é o organismo de crescimento mais
rápido do planeta e possui vantagens importantes para o meio ambiente e a
indústria.
“As
algas são cultivadas de forma renovável, não exigem grandes áreas de terra, uso
intensivo de água doce ou produtos químicos. Elas absorvem CO2, reduzindo a
pegada de carbono e melhorando a qualidade da água, além de promoverem a saúde
dos ecossistemas marinhos”, afirmou.
Depois
da pandemia, a pesquisadora conta que percebeu a urgência de avançar para a
aplicação comercial da fibra. Atualmente, ela explica que está desenvolvendo o
fio ideal para uso em escala industrial e prepara o lançamento do primeiro lote
piloto da tecnologia.
Segundo
Thamires Pontes, a startup já firmou parcerias com grandes marcas da moda que
testarão os tecidos em seus produtos. “Essa etapa será crucial para definir
nossa escalabilidade e aprimorar nossos processos”, afirmou a pesquisadora.
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Divulgação/Phycolabs |
Além
da sustentabilidade ambiental, a pesquisadora também aposta no impacto social
da tecnologia. Thamires acredita que a inovação pode gerar renda para
comunidades costeiras, incentivar práticas regenerativas e promover inclusão
socioeconômica.
As
algas utilizadas são cultivadas por parceiros da empresa nas regiões Sudeste e
Sul do Brasil. Após a colheita, passam por um processo exclusivo de formulação
e transformação em fio, realizado pela equipe da startup.
“Meu
objetivo é que as fibras à base de algas se tornem uma alternativa viável e
acessível aos materiais têxteis convencionais, sem comprometer a
biodiversidade, ajudando a reduzir o uso de recursos escassos", afirmou
Thamires Pontes.
O
projeto também vem recebendo reconhecimento nacional e internacional. Em 2023,
foi uma das vencedoras do Global Change Award, da Fundação H&M, que premia
inovações sustentáveis na moda. No ano seguinte, Thamires recebeu o prêmio
Unlock Her Future, da britânica The Bicester Collection, e o Glamour Generation
Awards, da revista Glamour Brasil, na categoria Mulheres na Ciência.
“Eu
gostaria mesmo é de ver essa tecnologia ajudando a construir um novo padrão
para a indústria, mais consciente, mais conectado com a natureza e alinhado com
os desafios ambientais do nosso tempo. Por isso, insisto em dizer que a solução
para cuidar do oceano vem justamente dele”, concluiu Thamires.
Por: Jornal da Paraíba