Domingo, 14 de setembro-(09) de 2025
Matéria de Igor Gielow com (FOLHAPRESS)
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Foto: Antonio Augusto/STF |
A maioria
dos brasileiros é contra o Congresso Nacional aprovar uma anistia para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL),
condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 27 anos e 3 meses de prisão por
tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes. Rejeitam a ideia 54%, ante
39% que a defendem.
Segundo
o Datafolha, que aferiu a intenção nos dias 8 e 9 deste mês com 2.005 eleitores
em 113 municípios do país, 2% se dizem indiferentes ao assunto e 4% não
souberam opinar. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
Além
disso, 61% se dizem contrários a qualquer tipo de perdão aos condenados pelos
ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas depredaram as
sedes dos três Poderes naquilo que o Supremo julgou ter sido a culminação da
tentativa de golpe. Outros 33% são a favor de anistia.
Houve
1.630 ações penais relativas àquele incidente, com 683 condenações, 11
abstenções e 554 acordos judiciais. Ainda há 382 processos abertos.
O
ex-presidente tornou-se na quinta (11) o primeiro ex-mandatário condenado por
tentar se manter no poder na história do Brasil, um país marcado por
sublevações e quarteladas –a mais recente, de 1964, legou uma ditadura de 21
anos enaltecida pelo político do PL.
Quatro
dos cinco ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal o condenaram,
e sua prisão em regime fechado deverá ocorrer caso todos os recursos apresentados
sejam negados, como é esperado.
Há
ainda a expectativa de que o relator e agora juiz de execução do caso,
Alexandre de Moraes, avalie se aceita enviá-lo à prisão domiciliar que já
cumpre desde 4 de agosto de forma cautelar.
Desde
pouco antes do começo do julgamento, os partidos do centrão resolveram abraçar
a campanha pela anistia, que era defendida pela família Bolsonaro na forma da
campanha do filho e deputado Eduardo para que o governo do aliado Donald Trump
ataque o Brasil devido ao que o americano qualifica de “caça às bruxas”.
Até
aqui, o movimento apenas gerou um tarifaço de 50% às importações brasileiras e
punições draconianas de Trump a Moraes e, em menor medida, a sete de seus
colegas. Por ora mantiveram seus vistos os ministros associados ao bolsonarismo,
André Mendonça, Kassio Nunes Marques e Luiz Fux –o divergente da Primeira
Turma.
Ainda
assim, o centrão conseguiu o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas (Republicanos), para pressionar a Câmara a pautar um projeto de lei de
anistia.
Não
é certo que ele passe. De todo modo, ainda enfrentaria a resistência do Senado
e, em última instância, de um Supremo acionado, dado que a jurisprudência é
veto a indultos a condenados por atentado ao Estado de Direito.
A
anistia encontra menor suporte entre moradores do Nordeste (63%, com margem de
erro de quatro pontos), reduto eleitoral de Lula (PT).
Já
o apoio à medida cresce entre os mais ricos (50% a favor, 46% contra, com
margem de dez pontos), sulistas (46% a 44%, margem de seis pontos), moradores
do Norte/Centro-Oeste (48% a 45%, margem de seis pontos) e entre evangélicos
(52% a 40%, margem de quatro pontos).
Em
relação aos condenados do 8 de Janeiro, o resultado retoma o nível aferido em
duas rodadas de pesquisas no ano passado. Neste ano, em abril e julho, o nível
de rejeição à anistia era algo menor, de 56% e 55%, respectivamente. Já o apoio
se mantém constante na média.
APOIO
À PRISÃO DE BOLSONARO
O
Datafolha também mostrou que a prisão do ex-presidente por tentar o golpe é
defendida por 50% dos entrevistados. Outros 43% são contra a medida.
Desde
abril, quando o instituto fez pela primeira vez a pergunta, há relativa
estabilidade na percepção popular da questão. Naquela ocasião, 52% eram a favor
da prisão e 42%, contra. Já em julho, houve um empate técnico: 48% a 46%,
respectivamente. Agora, a distância voltou a ser retomada.
O
que mudou no período foi a crença na execução da pena, um reflexo óbvio da
ideia de que a Justiça não chega aos poderosos. Em abril, 52% acreditavam que
Bolsonaro iria escapar de ser preso, ante 41% que pensavam o contrário.
O
número se manteve estável em julho, 51% a 40%, mas o começo do julgamento na
semana passada inverteu o cenário. Pouco antes da condenação que era vista como
inevitável, 50% acreditavam que o ex-presidente iria para a cadeia, ante 40%
que pensavam o contrário.
Por: Igor Gielow com (FOLHAPRESS)