Domingo, 05 de outubro-(10) de 2025
Matéria do Portal Agência Brasil
O esporte paralímpico do Brasil viveu, neste domingo (5), um dia
histórico. O país encerrou, pela primeira vez,
o Campeonato Mundial de Atletismo na ponta do quadro de medalhas.
A campanha verde e amarela em Nova Déli, na Índia, chegou ao fim com 44
pódios, sendo 15 ouros (dois a mais que a China, segunda colocada geral), 20
pratas e nove bronzes.
Para
ter dimensão do feito brasileiro, esta é somente a segunda vez que a China não
fica no topo do quadro de medalhas do Mundial de Atletismo Paralímpico. A
última ocasião foi há 12 anos, quando a Rússia ficou em primeiro na edição de
Lyon, na França.
O
Brasil vinha batendo na trave nas últimas três edições, ficando em segundo lugar
no quadro. Em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, há seis anos, foram 39
medalhas e 14 ouros, contra 59 pódios (25 no topo) da China. No Mundial de
2023, disputado em Paris, na França, os brasileiros conquistaram 47 medalhas e
repetiram os 14 ouros, ficando a dois dos chineses. Já no do ano passado, em
Kobe, no Japão, apesar do recorde de 19 láureas douradas (42 pódios no total),
a delegação sul-americana ficou bem distante dos chineses (87 medalhas, 33
ouros).
O domingo começou dourado para o
Brasil graças a Zileide Cassiano, que conquistou ouro no salto em distância da
classe T20 (deficiência intelectual). A campeã repetiu o
resultado do Mundial de Kobe e retomou o posto de protagonista da prova,
superando Karolina Kucharczyk, ouro na Paralimpíada de Paris – a polonesa,
desta vez, foi bronze.
O segundo topo de pódio do Brasil
no dia veio acompanhado de uma marca histórica de Jerusa Geber. Ao vencer
os 200 metros da classe T11 (cego total), a velocista chegou à 13ª medalha dela
em Mundiais, isolando-se como brasileira mais laureada no evento, superando
outro ícone do atletismo paralímpico do país, Terezinha Guilhermina. Na
mesma prova, Thalita Simplício foi bronze.
“Dois
objetivos concluídos com sucesso: o tetra nos 100 metros e sair daqui como a
atleta com maior número de medalhas em Mundiais. Cheguei e estou saindo sem
dor, sem lesão. É claro que quero [ir para a Paralimpíada de Los Angeles, nos
Estados Unidos, em 2028]. Quero o penta, [depois] o hexa [nos Mundiais], quero
tudo. Até onde aguentar, eu quero ir”, disse Jerusa, de 43 anos, em depoimento
ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
Nos
200 metros da classe T2 (baixa visão), Clara Daniele, estreante em Mundiais,
inicialmente foi prata. No entanto, o CPB entrou com protesto contra a
venezuelana Alejandra Lopez, ganhadora da prova, alegando que o atleta-guia a
teria puxado antes de cruzar a linha de chegada – o que é proibido. A
arbitragem acatou a reclamação do Brasil, e Clara herdou o ouro, terceiro do país no
dia.
O
Brasil ainda obteve mais duas medalhas no último dia em Nova Déli. Nos
200 metros da classe T47 (amputação em um dos braços, abaixo ou ao nível do
cotovelo ou punho), Maria Clara Augusto foi prata e chegou
ao terceiro pódio dela na Índia, um recorde entre os brasileiros neste Mundial. Já
no arremesso de peso para atletas com deficiência de membros inferiores, que
reuniu as classes F42 (sem prótese) e F63 (com prótese), Edenilson Floriani
levou o bronze e quebrou seu próprio recorde das
Américas.
Também
neste domingo, Thiago Paulino teve confirmada a medalha de prata do arremesso
de peso da classe F57 (atletas com deficiência de membro inferior, que competem
sentados), disputada no sábado (4). O brasileiro teve a tentativa que lhe
garantiu o pódio considerada irregular por um dos adversários, o finlandês
Teijo Koopikka. Após protesto do CPB, o resultado foi mantido.
Por: Agência Brasil